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MúsicaAlemanha

Rádio alemã se desculpa por piada contra ídolos do K-Pop

26 de fevereiro de 2021

Locutor comparou grupo sul-coreano BTS ao coronavírus. “Esperamos que haja uma vacina”, disse. Comentários causaram revolta entre fãs da banda da Alemanha e acusações de racismo em tempos de pandemia.

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Crítica à música gravada pelo grupo BTS gera acusações de racismo na Alemanha
Crítica à música gravada pelo grupo BTS gera acusações de racismo na AlemanhaFoto: Dave Bedrosian/Geisler-Fotopress/picture-alliance

Uma radio alemã apresentou um pedido de desculpas nesta sexta-feira (26/02) após um de seus locutores ter comparado a banda pop sul-coreana BTS ao coronavírus. A emissora disse que as palavras foram mal escolhidas, mas que ele não teve a intenção de soar "ofensivo ou racista”.

A declaração veio após uma legião de fãs gerar uma avalanche de críticas ao locutor Matthias Matuschik pelos seus comentários sobre a versão do grupo de K-Pop para a música Fix You, da banda Coldplay. Nas redes sociais, viralizaram os hashtags #Bayern3Racist, #Bayern3Apologize ("peça desculpas, Bayern 3”) and #RassismusBeiBayern3 ("racismo na Bayern 3”)

Em um programa ao vivo, Matuschik qualificou a versão do BTS como uma "blasfêmia” e comparou o grupo ao coronavírus causador da covid-19, ao descrevê-los como "uma porcaria de vírus para o qual esperamos que haja logo uma vacina”.

Pouco depois, ele tentou se redimir do comentário, mas o tiro saiu pela culatra. "Não tenho nada contra a Coreia do Sul, não podem me acusar de xenofobia só porque essa boyband é da Coreia do Sul... eu tenho um carro da Coreia do Sul. Tenho o carro mais bacana de todos.” 

Ele prosseguiu, afirmando que em penitência pela versão da música do Coldplay, o BTS "vai de férias para a Coreia do Norte pelos próximos 20 anos”.

O BTS, que estreou em 2013, se tornou a maior banda do gênero no mundo, lotando estádios em várias partes do globo. Os integrantes até tiveram uma mensagem de vídeo exibida na última Assembleia Geral da ONU.

O grupo que mais simboliza o estilo K-Pop é conhecido pelo envolvimento nas redes sociais com seus fãs, chamados de Army ("Exército” em inglês), e possuem mais de 33 milhões de seguidores no Twiter. As reações ás ofensas não vieram apenas da Coreia do Sul, mas também da Alemanha e vários outros países.

Racismo contra asiáticos aumentou após a pandemia

Muitos sul-coreanos que vivem no exterior disseram se preocupar que as declarações possam inflamar ainda mais os atos de violência contra pessoas de origem asiática, que estão em alta em muitos países.

"Não se trata apenas do BTS, mas sim de muitos asiáticos que lidam com racismo extremo, especialmente em razão da pandemia”, afirmou no Twitter o sul-coreano Hansl Chang, que vive na Alemanha.

No pedido de desculpas, a Bayern 3 disse que Matuschik apresentou sua opinião "de modo irônico, exagerado, e com empolgação exagerada”. Suas palavras, segundo a emissora, "foram longe demais e feriram os sentimentos dos fãs do BTS”.

"Mas – e ele nos assegurou disso –, de modo algum ele teve essa intenção. Ele apenas queria expressar seu descontentamento com a versão da música”, explicou a rádio.

Matsuschik, segundo a declaração da Bayern 3, esteve envolvido em ajudar a arrecadar fundos para refugiados e realiza uma "campanha constante contra o extremismo de direita”. Ele já teria mostrado várias vezes que é contra a xenofobia e o racismo.

"Isso não muda o fato de que muitos de vocês acharam duas declarações ofensivas ou racistas”, afirmou a Bayern 3. "Pedimos desculpas por isso de todos os modos possíveis. Trabalharemos nessa questão junto com o Matthias e toda a equipe em detalhe nos próximos dias.” 

rc/AP, DW)