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Rota de peregrinos por terras alemãs

Rodrigo Rodembusch10 de dezembro de 2005

Kevelaer está para a Alemanha assim como Lourdes está para a França e Fátima para Portugal. Local de peregrinação de católicos, a pequena cidade do oeste alemão é grande na fé dos devotos.

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A tranqüilidade de Kevelaer só é interrompida pelas centenas de romeirosFoto: Rodembusch

O que seria responsável pelo número superior de um milhão de turistas em uma cidade com apenas 27 mil habitantes e que não figura nos principais guias de turismo sobre o país? A resposta é simples, pelo menos para quem visita Kevelaer: a religião.

Como toda cidade que tem este atrativo, Kevelaer apresenta uma extensa oferta de suvenires diferenciados: são velas, medalhas, terços, imagens e toda sorte de artigos relacionados à figura de Nossa Senhora de Kevelaer.

Nascimento da adoração

Kevelaer - Gnadenkapelle
A pequena capela guarda a figura de adoraçãoFoto: Rodembusch

No período de Natal de 1641, um singelo comerciante chamado Hendrik Busmann ouviu por três vezes um miterioso chamado: "Neste local tu deverás construir uma capela". Religioso, o alemão que rezava todos os dias diante de uma cruz de pedra em uma estrada próxima a Kevelaer, estranhou a voz.

Apesar de pobre, Busmann deu início à obra, construindo uma pequena casa onde colocou uma pequena gravura de devoção de Nossa Senhora de Luxemburgo. Logo chegaram os primeiros moradores da região para orar em frente à imagem da Mãe de Deus. E muito rápido já eram ouvidos relatos de milagres realizados. Milagre como o crescimento da cidade devido à sua obra, Hendrik nunca imaginou que aconteceria.

A discreta gravura com o título "Consoladora dos Aflitos" atrai peregrinos há séculos à Capela da Misericórdia (Gnadekapelle). Para quem não conhece a história da cidade, a figura passa quase que despercebida, já que é cercada por uma infinidade de ornamentos dourados, terços e jóias. Tudo a alcance do fiel (ou turista).

História recente

Kevelaer Basilika
A basílica domina a paisagem da pequena cidade próxima à fronteira com a HolandaFoto: Rodembusch

Em 1892 Kevelaer festejou 250 anos de perigrinações, atividade que estagnou a partir de 1914 devido aos "tempos incertos". Somente em 1913, um ano antes do início da Primeira Guerra Mundial, tinham sido realizadas 344 romarias (a cidade já contava com uma estação de trem desde 1863) e contabilizados 600 mil fiéis.

Em dezembro de 1918, com o fim da Primeira Guerra Mundial, tropas belgas entraram na cidade. A ocupação durou oito anos.

Com o início da Segunda Grande Guerra, as relíquias de Kevelaer precisaram ser protegidas e uma recebeu cuidado especial: a gravura de Maria, que foi escondida embaixo da torre da basílica. A ameaça vinda do ar era grande. Mesmo assim, o jubileu de 300 anos da igreja não foi atrapalhado pelo período de guerra.

No dia 3 de março de 1945, os Aliados ocuparam Kevelaer. Poucos dias depois, muitos moradores retornaram à cidade.

Leia a seguir: Basílica de muitas cores

A ou de carro

BdT: Pilger reisen zum Weltjugendtag
Jovens aproveitaram a Jornada Mundial da Juventude para visitar KevelaerFoto: dpa

Como consoladora, Maria é adorada como há 350 anos. E quase tão antiga quanto a origem da adoração é a tradicional romaria que acontece aos sábados durante o verão. O único, porém, é que o ponto de partida está a mais de 100 quilômetros de distância de Kevelaer.

Em frente a uma igreja de Bonn (Remigiuskirche), fiéis se reúnem para o início de uma longa caminhada – com direito à volta também. Esta tradição data do ano de 1699, quando 400 romeiros seguiram até a cidade de Nossa Senhora de Kevelaer. Hoje em dia, o número está bastante reduzido, chegando a cerca de 100 pessoas.

São oito dias a pé passando por cidades, regiões industriais, campos de milho e áreas próximas ao Rio Reno. Na bagagem, a fé, o silêncio e a oração. Há os que preferem a comodidade da vida moderna e chegam à cidade de carro, ônibus, trem e motocicleta – procissão motorizada que acontece desde 1985.

Entre os visitantes ilustres, Kevelaer recebeu no século 20 o papa João Paulo 2º e Madre Teresa de Calcutá.

Basílica de todas as cores

Kevelaer - Ornament der Basilika
Basílica apresenta diferentes ornamentos e pinturas internasFoto: Rodembusch

A igreja construída entre os anos de 1858 e 1864 foi elevada à categoria de basílica em 1923 por determinação papal. A pintura interna impressiona quem espera um interior tão simples quanto o exterior. Colunas, paredes e teto pintados em tons de zul, dourado e vermelho por Friedrich Stummel convidam o visitante a uma viagem interior.

Quem permanece no local porque busca um local calmo, longe do tumulto dos peregrinos, pode apreciar pinturas que contam partes da história da igreja e de personagens da Bíblia, além dos Sacramentos. A impressão que se tem ao passar do tempo é que os ornamentos nunca se repetem nas diferentes capelas internas.

Evento esperado é a abertura do portal dos peregrinos – as portas principais da basílica, que acontece no dia 1º de maio. O fechamento das portas também atrai fiéis e acontece sempre no dia 1º novembro.

À luz de velas

Kevelaer - Kerzenkapelle
A Capela das Velas recebe dezenas de placas e velas a cada romariaFoto: Rodembusch

Outra construção famosa e também uma das mais antigas dirigidas à adoração de Maria é a Capela das Velas (Kerzenkapelle). Construída por Hendrik van Arssen, entre 1643 e 1645, teve como inspiração os estilos renascentista e gótico.

Única na ornamenação, a capela é um grande depósito de placas de grupos de peregrinos que visitam a cidade e deixaram o registro da visita nas paredes do local.