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Rodrigues faz sua última cruzada pelo agronegócio

Geraldo Hoffmann7 de julho de 2006

Ex-ministro apresenta em Berlim potencial da agroindústria e programa para aumentar exportação de biocombustíveis. Brasil aproveitou a Copa para promover seus produtos agrícolas na Alemanha.

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Ex-ministro da Agricultura será homenageado em BerlimFoto: Gervásio Baptista/ABr

O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, apresentou nesta sexta-feira (07/07) na Embaixada do Brasil em Berlim o potencial do agronegócio brasileiro e um programa de agricultura energética, destinado a aumentar a participação do país na produção e exportação de biocombustíveis.

Segundo Rodrigues, o agronegócio representa 28% do PIB nacional, sendo responsável por 37% das exportações e pela geração de 37% dos empregos no país. Cerca de um terço (32,5%) dos produtos do setor são exportados para a União Européia.

A intenção do governo é aumentar, sobretudo, a exportação de biocombustíveis. Na Alemanha, mais de 600 automóveis já estariam circulando em caráter experimental com etanol brasileiro (vendido em 32 postos) misturado à gasolina.

Segundo dados do Ministério da Agricultura, estão sendo investidos quatro milhões de euros na instalação de um centro de alta tecnologia, destinado a fazer pesquisas em cana-de-açúcar, mandioca, oleagionosas adicionáveis em biodiesel e demais fontes de energia alternativa.

"A agroenergia tem futuro. Com ela, cada país pode ter seu próprio poço de petróleo, se quiser. Estamos no fim da civilização do petróleo e no limiar da civilização da biomassa", disse Rodrigues.

Em outubro, os governos brasileiro e japonês vão firmar contrato que prevê investimentos da ordem de R$ 1,286 bilhão do Banco de Cooperação Internacional do Japão (JBIC) no programa, envolvendo projetos de etanol e biodiesel. A aplicação dos recursos está prevista para começar em abril de 2007.

O Brasil começou a produzir, álcool combustível de cana-de-açúcar em larga escala a partir de 1977. A produção comercial de veículos movidos a álcool se iniciou em 1979. Hoje mais de 70% dos veículos comercializados no país têm motor que utiliza álcool ou gasolina, em qualquer proporção.

Homenagem

Rodrigues faz na Alemanha sua última cruzada oficial pelo agronegócio. Após três anos e seis meses de sucessivos embates com a área econômica do governo, pediu demissão no último dia 28 de junho, mas foi indicado pelo presidente Lula para representar o país em eventos que havia agendado na Alemanha. Seu sucessor é o agrônomo Luis Carlos Guedes Pinto.

Nos dias 10 e 11, também em Berlim, Rodrigues participará do Encontro Econômico Brasil-Alemanha, promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha (AHK). Durante esse evento, receberá o Prêmio Personalidade Brasil-Alemanha 2006.

No dia 12 de julho, o ex-ministro participará na Bolsa de Valores de Frankfurt do seminário "Agronegócio como propulsor do desenvolvimento mundial". Na oportunidade, pretende mostrar que o Brasil não está destruindo a Amazônia para plantar soja ou cana-de-açúcar. "A soja plantada na Amazônia Legal representa menos de 1,5% do total produzido no Brasil e produzir etanol na Amazônia é tecnicamente inviável", antecipou.

Campeão do agronegócio

Antes de sair do governo, ele ainda deixou sua marca no país-anfitrião da Copa. "Fora dos campos de futebol, o Brasil continua brilhando na Alemanha, graças a uma campanha que mostra por que o país é um campeão mundial do agronegócio", informa o Ministério da Agricultura, referindo-se ofensiva publicitária feita em conjunto Apex – Agência de Promoção das Exportações.

A publicidade, exposta em 125 pilares luminosos e em 36 placas próximas às principais estações do metrô de Berlim e Munique, mostra alimentos brasileiros ao lado de cenas de futebol, samba, carnaval e dança. No domingo, encerramento da Copa do Mundo, a Apex promove sob o slogan "Brasil, muito mais do que futebol", um evento com degustação de especiliadades brasileiras para 800 empresários alemães e brasileiros reunidos em Berlim.

A campanha desenvolvida na Alemanha, com um custo estimado de R$ 1,35 milhão (parte financiada pela iniciativa privada), inclui ainda spots de 15 segundos nos metrôs de Berlim, outdoors nos dois aeroportos de Berlim, posters sobre rodas nas principais áreas de grande circulação da capital alemã e inserção de banner eletrônicos nos principais sites de negócios alemães e envio de newsletter em alemão.

À semelhança da seleção de Parreira, que se orgulhou dos recordes batidos na Copa 2006, o governo faz questão de lembrar que o Brasil é o maior exportador do mundo de carne bovina, carne de frango, café, açúcar, etanol, suco de laranja, tabaco e produtos do complexo da soja.

Copa do mundo da alimentação

Segundo o ex-ministro, países que perderam espaço no mercado internacional com o avanço da agricultura brasileiros tentam sempre encontrar algum aspecto negativo no produto verde-amarelo, sejam as críticas à destruição da Amazônia, números sobre trabalho infantil ou escravo ou por exemplo questionando o balanço ambiental da produção de etanol.

"O Brasil tem uma agricultura de primeiro mundo que é vizinha de cerca de uma agricultura atrasadíssima", admitiu Rodrigues. Mas ele também apresentou uma série de estatísticas para demonstrar o esforço do governo e do empresariado no sentido de amenizar ou eliminar efeitos negativos da agroindústria.

Já entre Brasil e Alemanha, Rodrigues vê um grande potencial para ampliar a cooperação nos agronegócios. "Brasileiros e alemães não chegaram à final da Copa, mas podem formar uma seleção para conquistar a copa do mundo da agricultura e da alimentação, combatendo o inimigo que é a fome no mundo. E quem quiser aparecer nas fotos dos campeões, que se junte a nós", sugeriu.