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Renault retoma produção na Rússia enquanto rivais se retiram

Kristie Pladson
22 de março de 2022

Montadora francesa havia suspendido a produção em fevereiro, citando problemas logísticos. Decisão de reativar fábricas em Moscou é apoiada pelo governo francês, principal acionista da Renault.

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Carro amarelo com a imagem de Putin pintada em sua porta
Renault controla a Avtovaz, principal montadora de carros russaFoto: Anatoly Maltsev/dpa/picture alliance

A montadora francesa Renault retomou as operações em suas fábricas em Moscou nesta segunda-feira (21/03), em um momento em que outras empresas internacionais, inclusive montadoras, deixam o mercado russo por causa da invasão da Ucrânia pelo país.

Um porta-voz da empresa confirmou a reabertura à agência de notícias Reuters. A Renault havia suspendido algumas operações em suas fábricas no final de fevereiro devido à escassez de componentes causada por gargalos logísticos.

Na época, a empresa não especificou se os problemas da cadeia de abastecimento se deviam à guerra na Ucrânia. Mas as sanções ocidentais contra a Rússia afetaram ainda mais as cadeias de fornecimento, em uma época em que as montadoras já enfrentavam dificuldades para obter chips utilizados na produção de automóveis. Sanções recentes incluem a proibição das exportações de semicondutores para a Rússia.

Renault controla principal montadora russa

A Renault não indicou por quanto tempo a fábrica, que produz os modelos Renault Duster, Kaptur e Arkana, permaneceria aberta. "A situação do fornecimento de componentes é instável e mutável, preferimos não fazer nenhuma previsão", disse um porta-voz da Renault Moscou à Reuters.

A Renault reabriu sua fábrica enquanto muitas empresas internacionais fecham seus negócios na Rússia devido a sanções e pressões públicas ligadas à invasão da Ucrânia. Mais de 400 empresas, incluindo Apple, Coca-Cola e McDonald's, reduziram ou interromperam suas operações na Rússia desde o início da guerra, de acordo com pesquisadores da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.

Outros fabricantes estrangeiros de automóveis, como a alemã Volkswagen e a japonesa Toyota, também suspenderam a produção e as exportações. 

Infográfico sobre países sancionados

A Renault optou por permanecer ativa na Rússia por enquanto, cumprindo com as sanções internacionais, segundo disseram à Reuters fontes próximas ao assunto. A decisão teve o apoio do Estado francês, o principal acionista da Renault, segundo essas fontes.

Desde 2016, a Renault tem uma participação controladora de dois terços na montadora russa Avtovaz, o que a torna mais exposta do que suas rivais ao mercado russo. Mais de 36 mil pessoas na Rússia trabalham para a Renault. Segundo o Citibank, o país é responsável por 8% da receita da montadora.

Sanções ameaçam cadeias de abastecimento

A empresa francesa entrou na Rússia em 2007, em um momento em que o mercado de automóveis estava em plena expansão. A Avtovaz começou como um fabricante estatal sob a União Soviética. Suas marcas Zhiguli e Lada têm forte associação com o regime comunista do país.

A Lada, que produz principalmente para a Rússia e seus antigos vizinhos soviéticos, respondeu por 21% do mercado nacional de automóveis em 2021. A participação de controle da Renault destaca algumas das dificuldades enfrentadas pelo Ocidente enquanto esses países tentam isolar economicamente a Rússia.

Apesar de as operações na fábrica da Renault em Moscou terem sido retomadas, a Avtovaz disse na segunda-feira que estava interrompendo parte da produção em suas fábricas nas cidades russas de Togliatti e Izhevsk devido à escassez de peças eletrônicas.

Muitas empresas ocidentais que continuam a operar na Rússia estão sob crescente pressão para suspender suas atividades comerciais no país. Em um discurso transmitido a manifestantes na capital suíça de Berna na segunda-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, criticou a empresa suíça Nestlé por continuar operando na Rússia. A Nestlé rebateu dizendo que havia "reduzido significativamente" seus negócios lá, exceto em "produtos essenciais".

O Kremlin ameaçou apreender e nacionalizar os ativos de empresas de propriedade estrangeira que não retomassem seus negócios na Rússia.