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Leis e JustiçaNova Zelândia

Relatório aponta falhas antes de massacre na Nova Zelândia

8 de dezembro de 2020

Polícia concentrava recursos para investigar radicais islâmicos e ignorava ameaça na extrema direita, aponta inquérito. Tragédia em Christchurch deixou 51 mortos e fez com que país mudasse legislação sobre armas.

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Relatório da Real Comissão de Inquérito da Nova Zelândia sobre o massacre de Christchurch
Relatório da Real Comissão de Inquérito da Nova Zelândia sobre o massacre de ChristchurchFoto: Hagen Hopkins/Getty Images

Um relatório autoridades na Nova Zelândia segurança divulgado nesta terça-feira (08/12) concluiu que os serviços de segurança do país não se preocupavam suficientemente com possíveis ataques de extrema direita no país, antes do atentado à mesquita de Christchurch.

O ataque ocorrido em março de 2019 deixou 51 mortos, entre estes, crianças, mulheres e homens que se reuniam no local para as preces de sexta-feira.

O documento elaborado pela Real Comissão de Inquérito neozelandesa ressalta que as agências de segurança se concentravam de modo inapropriado no extremismo islâmico e não agiram o suficiente para avaliar a a possibilidade de terrorismo por parte de supremacistas brancos, assim como outras ameaças.

Apesar do tom crítico, o relatório não chega a afirmar que as autoridades poderiam ter evitado a tragédia. O texto diz que as informações fragmentadas sobre o atirador disponíveis antes do ataque não eram suficientes para que ele fosse destacado como uma possível ameaça.

"Não havia um modo plausível no qual ele pudesse ser detectado, a não ser por acaso”, afirma a Comissão, liderada pelo juiz da Suprema Corte William Young e pela ex-diplomata Jacqui Caine. O órgão, ligado ao Ministério da Justiça neozelandês, trabalha junto a diversas entidades públicas para reavaliar as condições da segurança no país e o sistema judicial.

Não havia sinais de que o ataque à mesquita era iminente, mas, mesmo assim, a polícia poderia ter trabalhado melhor para impedir que o atirador obtivesse uma licença para utilizar armas. O relatório detalha como o atirador de Christchurch  conseguia viver de modo solitário, quase como um fantasma, que tirava seu sustento do dinheiro de uma herança, que rapidamente se esgotava à época do ataque à mesquita.

Jacinda Ardern pede desculpas pelas falhas de segurança

O agressor, segundo o documento, não teria comunicado a ninguém seus planos de realizar o atentado, e sequer deixou pistas até divulgar por email seu manifesto, apenas oito minutos antes do ataque,

O relatório de quase 800 páginas traz 44 recomendações ao governo, como criar uma nova agência nacional de inteligência. A primeira-ministra Jacinda Ardern elogiou o documento e disse que avaliará todas as sugestões da Comissão e pediu desculpas pelas falhas de segurança por parte das autoridades.. 

Ela observou que seu governo já adotou medidas para modificar as leis demasiadamente brandas  em relação aos armamentos, que permitiram que o agressor acumulasse um arsenal de armas semiautomáticas de estilo militar. Esta era um das maiores críticas no relatório. 

O atirador de 30 anos se tornou a primeira pessoa na Nova Zelândia a ser detida sem direito à liberdade condicional, após se declarar culpado em 51 acusações de assassinato e 40 de tentativa de assassinato.

RC/afp/ap