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Regras rígidas para ciclistas na Alemanha

Karina Gomes
27 de julho de 2018

Ciclistas estão sujeitos às regras de trânsito e pagam multas altas por infrações. Na autoescola, motoristas aprendem a respeitar e não ultrapassar ciclistas quando não há um espaço considerável na via.

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Deutschland Fahrradweg in Stuttgart
Foto: picture-alliance/dpa/D. Bockwoldt

Sempre me assustei com o som estridente das campainhas das bicicletas na Alemanha. Já levei bronca de ciclistas por andar sem atenção na faixa da ciclovia junto à calçada. No começo, pensava: "Eles não podem apenas desviar e seguir o caminho? Afinal, tem tanto espaço". Também já fui xingada por pedestres, e com razão. Tentei avisar verbalmente, porque achava mais educado, mas o senhor que caminhava no meio da passagem com dois cachorros não se moveu e gritou a regra irritado: "Esse lado é apenas para pedestres, não é nenhuma ciclovia!". Ainda não conhecia a série de regras para ciclistas na Alemanha.

A sinalização para as bicicletas é muito clara e está por toda parte. Os ciclistas estão sujeitos às regras de trânsito. Além do semáforo para os carros, há em vários pontos um semáforo com o símbolo de uma bicicleta, que num cruzamento sempre abre primeiro. A faixa da ciclovia é às vezes vermelha (ninguém reclama da cor por aqui) e segue pelas ruas e também calçadas. As ciclovias também são sinalizadas com faixas brancas e um símbolo de bicicleta em azul e branco.    

Alemanha em 1 Minuto: Ser ciclista na Alemanha

Se não houver ciclovia, é importante pedalar sempre no sentido dos veículos e não do lado contrário, mas se uma placa indicar "Frei" junto a um símbolo de bicicleta é possível seguir. Algumas placas também indicam que a calçada deve ser dividida entre os ciclistas e os pedestres e especifica de que lado cada um deve ficar.

Sempre é preciso esperar quando os pedestres atravessam na faixa. Quando uma pessoa deu o primeiro passo do outro lado, mesmo que haja tempo para você passar, é preciso parar, sob pena de uma multa de 15 euros. Ultrapassar no sinal vermelho é uma péssima ideia. Se a polícia vir a infração, você pode ser obrigado a pagar 80 euros em multa ou mais. Também nunca circule na calçada se não houver indicação específica e sempre dê sinal quando for virar numa rua – o seu braço é a sua seta.

A bicicleta tem de estar em boas condições para circular no trânsito. Farol dianteiro e luz traseira, assim como a campainha, são itens essenciais. Se a bicicleta estiver capenga demais, terá que pagar o preço de uma usada: 80 euros. Numa noite, meu farol parou de funcionar e, num cruzamento numa rua deserta perto de casa, a polícia brecou o carro e fez uma advertência. Eu expliquei a situação, e eles foram piedosos. Não precisei pagar os 20 euros exigidos pela infração.

A multa por falar ao celular custa mais de 50 euros. Uma das infrações mais graves é cruzar a linha do trem quando a cancela está quase fechando. A multa é de 350 euros. É tanta regra que não à toa as crianças têm formação de ciclismo obrigatória na escola.

É incrível como a maioria dos motoristas respeita os ciclistas na Alemanha. Na autoescola, todos aprendem que não devem ultrapassar ciclistas numa via caso não haja uma distância considerável entre o carro e a bicicleta. Esses dias, quando eu pedalava numa ruazinha estreita, uma motorista ficou atrás de mim por cinco minutos até chegar numa avenida onde era possível me ultrapassar.

Os ciclistas podem ultrapassar outros na ciclovia, mas é preciso alertar quem está na frente com a campainha. Geralmente, quem me ultrapassa são senhorinhas em alta velocidade com e-bikes, bicicletas elétricas.

E, depois de cinco anos em terras germânicas, eu me pego fazendo o mesmo. Outro dia fiquei irritada com um grupo de seis pessoas que andava na ciclovia. Mandei ver na campainha. E ouvi, em português do Brasil, de uma das pessoas: "Que susto!". Só me restou rir da forma inevitável como incorporamos algumas regras e costumes. Na bicicleta, eu já "alemanizei".

Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Dir​​​​​eitos Humanos.

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