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Seis meses após o terremoto

12 de julho de 2010

Mais de um milhão de desabrigados, áreas reduzidas a escombros e ainda não reconstruídas: quem vive no Haiti não tem esperança de que a situação melhore a curto prazo.

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Haitiano na capital Porto Príncipe, seis meses depoisFoto: AP

Seis meses se passaram após o violento terremoto que devastou o Haiti em 12 de janeiro último, que fez aproximadamente 300 mil vítimas e deixou 1,6 milhão de desabrigados, entre os quais 800 mil crianças. E o cenário de hoje é praticamente o mesmo de então.

"Não há perspectivas, não há recursos para a reconstrução. A comunidade internacional nos prometeu dinheiro, mas quando ele virá?", desabafou Franck Paul, ex-prefeito da capital Porto Príncipe.

Em seu cotidiano, os haitianos se veem confrontados com o entulho que encobre as cidades e com os acampamentos de emergência superlotados.

"Quando nos chamaram para vir para este campo, nos prometeram casas. Onde estão elas?", pergunta-se Jean-Auguste Petit-Frere, residente em um acampamento desde o terremoto.

Flash-Galerie Haiti Sechs Monate nach dem Erdbeben
Haitiana em frente de seu novo abrigoFoto: picture alliance/dpa

Atravancamento das ruas

As organizações humanitárias, por outro lado, encaram o acúmulo de entulho como o maior entrave no Haiti. O principal problema não é dinheiro ou ajuda material, mas sim a dificuldade de demover o entulho, avalia Peter Rees, representante das Nações Unidas.

Para retirar mais de 20 milhões de metros cúbicos de entulho, a ONU desenvolveu juntamente com o governo haitiano um plano orçado em 120 milhões de dólares.

Além de dificuldades de ordem técnica, há outros fatores que agravam o quadro. "As pessoas estão emocionalmente ligadas às suas antigas casas e ao que restou delas", explica Timo Luege, da ONU.

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Acúmulo de entulhos nas ruas ainda é um grande problemaFoto: AP

Outras limitações

O secretário-geral do Cruz Vermelha na Alemanha, Clemens Waldburg-Zeil, também considera as autoridades haitianas responsáveis pela demora do processo de reconstrução do país. "O problema não é a liberação do dinheiro, mas sim a falta de apoio das autoridades locais."

Na visão de Waldburg-Zeil, somente quando houver um planejamento prudente e o projeto for implementado de forma ordenada é que o dinheiro poderá circular.

Três meses atrás, uma conferência internacional de líderes internacionais prometeu destinar 10 bilhões de dólares de ajuda ao Haiti, a serem investidos ao longo de cinco anos. Mas a soma está chegando em ritmo lento ao país.

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De 1,6 milhão de desabrigados, 800 mil são criançasFoto: picture alliance/dpa

Reconstrução

Segundo estimativas, o prejuízo material no Haiti chegou a 7,86 bilhões de dólares – o que equivale a 120% do Produto Interno Bruto do país de 2009.

O terremoto de magnitude sete na escala Richter destruiu 188 mil casas, 3.978 escolas e 22% de toda a infraestrutura de saúde de um país que, antes da catástrofe, já era tido como o mais pobre do Ocidente.

O escritório da ONU no Haiti informou que aproximadamente 4 mil casas de 18 metros quadrados foram construídas no país como parte de um projeto que prevê 10 mil residências.

A Cruz Vermelha francesa, que prometeu construir 30 mil casas provisórias em colaboração de sua representação norte-americana, começou a erguer 500 delas numa vila ao leste da capital haitiana.

O Programa Mundial de Alimentação das Nações Unidas está oferencendo trabalho temporário para 35 mil homens e mulheres. A expectativa é de que esse número suba para 140 mil até o fim do ano. Em troca da mão-de-obra, os trabalhadores recebem alimentação e dinheiro.

NP/kna/lusa/afp
Revisão: Simone Lopes