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Ranking de universidades

9 de outubro de 2009

Tabelas das melhores universidades do mundo, como a do jornal londrino "The Times", favorecem as instituições de ensino superior de língua inglesa e levam União Europeia a propor alternativa.

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Cambridge, no Reino Unido, é a segunda colocada no rankingFoto: picture-alliance / dpa

As instituições de ensino superior dos Estados Unidos e do Reino Unido dominam o ranking das 200 melhores universidades do mundo publicado nesta quinta-feira (08/10) pelo jornal londrino The Times. Entre as 20 melhores, apenas uma não fica em um desses dois países.

O ranking do Higher Education, suplemento do jornal, basicamente repetiu o top 10 de 2008. Harvard veio em primeiro lugar, como nos últimos seis anos, enquanto a inglesa Cambridge University ultrapassou Yale e ocupa agora o segundo lugar.

A Universidade Nacional Australiana, a Universidade McGill, do Canadá, e o Instituto Federal Suíço de Tecnologia, em Zurique, são as únicas instituições fora dos dois países a integrar o top 20 – uma situação desconfortável para universidades que não têm o inglês como idioma padrão e lutam por reconhecimento internacional.

"Na verdade o resultado não é nenhuma surpresa", disse Petra Giebisch, do Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior (CHE), na Alemanha. Ela lidera um projeto que propõe um sistema melhor de classificação, que não favoreça as instituições de língua inglesa. "Essa é uma das ideias por trás do nosso projeto piloto", conta.

A Alemanha teve pouco a mostrar sobre seus esforços recentes em estabelecer centros de ensino de elite. A melhor universidade alemã foi a Universidade Técnica de Munique, que ocupou a posição 55 no ranking, duas à frente da Universidade de Heidelberg.

As outras duas únicas que entraram na lista das 100 melhores foram a Universidade Livre de Berlim (94º lugar) e a Universidade Ludwig-Maximilian (98º lugar), de Munique. O Brasil não teve nenhuma representante no ranking deste ano.

Inglês em vantagem

TU München Standort Garching
Universidade Técnica de Munique é a melhor alemãFoto: TU München / Thorsten Naeser

O novo ranking registra uma ligeira melhora para universidades europeias e particularmente asiáticas em relação às norte-americanas. Instituições de ensino na Suíça, na Holanda, no Japão, em Hong Kong, na Coréia do Sul e na Malásia mostraram melhores resultados do que nos anos anteriores.

No entanto, os Estados Unidos continuam sendo de longe a nação que mais aparece no ranking, com 54 representantes entre as 200 melhores universidades, e a lista reabriu o debate sobre o favorecimento e a efetividade dos sistemas internacionais de classificação de universidades.

Como a maioria dos rankings internacionais, a lista do Times – publicada em parceria com a empresa de serviços em ensino superior Quacquarelli Symonds – favorece fortemente as instituições de língua inglesa.

Isso porque um dos critérios de classificação é o desempenho da pesquisa no centro de ensino, medido pelo número de artigos científicos publicados em jornais acadêmicos. Como a maioria das publicações científicas no mundo é em inglês, as universidades de língua inglesa levam vantagem.

O Higher Education inclusive admitiu isso no artigo que acompanhou os resultados de 2008: "Reconhecemos que todos esses dados têm alguma tendência inerente, especialmente a favor de quem publica em inglês."

Na avaliação dos resultados neste ano, o Times também sugeriu que o maior número de publicações em inglês melhorou a pontuação das universidades asiáticas: "Essas universidades também reforçaram a importância de seus professores publicarem artigos em jornais internacionais, o que sem dúvida elevou a visibilidade de sua pesquisa".

O número de citações científicas compõe 20% da pontuação final. Os outros critérios são peer review (revisão por pares), que corresponde a 40%, recruiter review (10 %), abertura para professores de renome internacional (5 %) e para estudantes internacionais (5 %) e a relação entre instituição e alunos (20%).

A ênfase no peer review levou alguns críticos a sugerir que o questionário do Times, que neste ano foi respondido por mais de 9,3 mil pesquisadores e 3,2 mil funcionários, conduz a análises pouco objetivas.

UE encabeça classificação com novos critérios

Uni-Ranking: Grafik Ingenierwissenschaften
Classificação do CHE busca agrupar universidades de acordo com fatores comunsFoto: Alexander von Humboldt-Stiftung/Foundation

O sistema de classificação que está em fase de desenvolvimento desde junho deste ano pelo CHE, do qual a União Europeia está encarregada, é apenas em parte uma reação ao favorecimento às instituições de língua inglesa em tabelas como a do Times.

Muitos especialistas criticam, antes de mais nada, a utilidade de tais tabelas de classificação. "Nós queremos desenvolver um novo conceito para uma comparação internacional entre universidades", diz Giebisch.

Esse conceito não será baseado em uma tabela monolítica que compara cada instituição com outra em todos os aspectos, mas vai agrupar universidades por fatores individuais e comparar critérios individuais.

"A ideia é descobrir se podemos desenvolver indicadores apropriados para saber se as comparações são possíveis entre determinados tipos de centros de educação superior", explica Giebisch.

No momento, o projeto piloto está limitado a duas áreas – economia e engenharia – e a selecionar universidades em todo o mundo. Os primeiros resultados devem estar disponíveis em junho de 2011.

O CHE espera que o novo método leve a uma ferramenta interativa que dê aos estudantes uma ideia mais flexível – e mais voltada às suas necessidades – de qual universidade escolher do que a ajuda que pode ser dada por uma simples tabela.

Autor: Ben Knight (ff)
Revisão: Alexandre Schossler