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Rabinos e imãs em diálogo

Corinna Nohn (sv)19 de março de 2006

Pela segunda vez, cerca de 200 imãs e rabinos reúnem-se para falar sobre paz e religião. Os líderes religiosos esperam do encontro em Sevilha mais que simbolismos e palavras vazias.

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Igreja, mesquita e sinagogaFoto: Fotomontage/AP/DW

Os mentores do encontro haviam, de início, previsto que o Segundo Congresso de Imãs e Rabinos deveria acontecer em Jerusalém. A idéia acabou sendo abandonada.

Apesar disso, o professor Ahmet Akgündüz, da Universidade Islâmica de Roterdã, vê com otimismo o encontro, que começa neste domingo (19/03) e vai até a próxima quarta-feira (22/03). "Desta vez há também alguns convidados cristãos. Vai ser o maior diálogo entre as diferentes crenças religiosas ocorrido até agora", aposta.

Princípios comuns

Akgündüz, que dá aulas na Holanda de Direito Islâmico e História do Direito Turco, esteve presente no último congresso, que aconteceu em Bruxelas, em 2005. O documento redigido ao fim do encontro foi criticado por muitos e apontado como extremamente vago e pouco incisivo.

O professor, ao contrário, acredita que a declaração já foi um progresso: "Representantes de mais de 150 comunidades judaicas e muçulmanas de todo o mundo assinaram conjuntamente um documento, afirmando que as duas religiões baseiam-se nos mesmos princípios básicos. Além disso, cada lado ouviu e aprendeu muito sobre o outro – o que já foi um grande sucesso".

Ignorância e preconceitos são as razões dos conflitos

Akgündüz, que participa do congresso tanto como pesquisador como na função de representante da comunidade islãmica na Holanda, acredita que a ignorância e a falta de informação são as principais razões dos conflitos religiosos.

"Por isso precisamos levar informação a essas pessoas, esclarecê-las e informá-las a respeito de outras religiões, pois o comportamento individual é a fonte da paz. Esta é a única forma possível de exterminar o radicalismo", completa o pesquisador.

Participação de moderados

O rabino austríaco Paul Chaim Eisenberg, por outro lado, já demonstra bem menos otimismo em relação ao encontro. "Os que vão até Sevilha são moderados e buscam o diálogo. Mas nos últimos tempos as tendências de extremismo nas religiões vêm se tornando cada vez mais fortes", observa o rabino.

Apesar de todo o ceticismo, Eisenberg espera que durante o congresso sejam apresentadas propostas concretas de paz. "Vai se falar, acima de tudo, sobre problemas práticos, como por exemplo a religião na família. É claro que vamos abordar também o contexto político como um todo ou temas como a polêmica das caricaturas. Mas em primeiro lugar, o congresso não é um evento religioso. Em segundo, do ponto de vista teológico não temos problemas uns com os outros", resume o rabino.

Sevilha: tradição de convivência pacífica

Por detrás da organização do congresso está a iniciativa Hommes de Parole, criada há 15 anos pelo francês Alain Michel, com o objetivo de reduzir a tensão entre as religiões antes que estas se transformem em conflitos armados.

Os encontros reuniram várias vezes representantes de correntes religiosas adversárias. O congresso realizado em Bruxelas, em 2005, foi, porém, o primeiro encontro internacional entre imãs e rabinos. A escolha de Sevilha é, neste contexto, simbólica. Na cidade, cristãos, judeus e muçulmanos já conviveram pacificamente durante séculos.