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Rússia volta a pedir investigação da ONU sobre Nord Stream

8 de março de 2023

Kremlin diz que relatos sobre grupo pró-ucraniano supostamente envolvido em sabotagem são "campanha de mídia" para desviar a atenção. Kiev nega envolvimento nas explosões.

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Nord-Stream-Explosionen
Vazamento causado por uma explosão no gasoduto Nord Stream 2, na DinamarcaFoto: Danish Defence Command/dpa/picture alliance

A Rússia chamou de "campanha de mídia" as recentes revelações nas imprensas americana e europeia sobre as explosões nos gasodutos Nord Stream e voltou a insistir na sua proposta de uma investigação internacional dos ataques aos dutos no Mar Báltico, em setembro de 2022.

A delegação russa já havia circulado um projeto de resolução nesse sentido no Conselho de Segurança. Nesta terça-feira (07/03), o Kremlin reagiu a uma reportagem do jornal The New York Times, segundo a qual novas informações analisadas por autoridades dos EUA sugerem que houve sabotagem por um grupo pró-ucraniano.

"Isso mostra que estamos fazendo a coisa certa ao pressionar por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU para iniciar uma investigação internacional liderada pelo secretário-geral da ONU sobre a sabotagem do Nord Stream", disse o vice-embaixador da Rússia, Dmitry Polyanskiy.

O diplomata destacou que os países do Conselho de Segurança já realizaram três rodadas de consultas a nível de especialistas sobre o projeto de resolução e garantiu que a votação vai ocorrer ainda em março.

O Kremlin também afirmou não acreditar que o grupo pró-ucraniano que teria realizado as explosões não tenha ligações com o governo em Kiev e que as reportagens nesse sentido são uma "campanha de mídia" para desviar a suspeita das autoridades ucranianas para outras pessoas.

Logo após as explosões, Moscou havia acusado "os países anglo-saxões", aludindo à oposição ao projeto que Washington mantém há anos, sob o argumento de que ele eleva a dependência europeia do gás russo.

Os ataques aos gasodutos, que não estavam em uso, provocaram dois vazamentos em cada um deles, dois na zona dinamarquesa e dois na zona sueca, todos em águas internacionais.

Kiev nega envolvimento

Segundo as autoridades citadas pelo The New York Times, não há evidências de que o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, ou assessores mais próximos dele estejam envolvidos na operação.

Em Kiev, o conselheiro presidencial ucraniano Mikhail Podolyak disse ser claro que a Ucrânia não tem nada que ver com os ataques. Também o Ministério da Defesa da Ucrânia reiterou que o país não está envolvido nas explosões.

Grupo de seis pessoas

As redes de televisão alemãs ARD e SWR e o jornal alemão Die Zeit também publicaram nesta terça-feira detalhes sobre o caso. Segundo esses veículos, a investigação das autoridades alemãs sobre a sabotagem dos gasodutos Nord Stream revelou indícios de ligações com a Ucrânia, embora não excluam ter sido uma "operação de bandeira falsa" para incriminar Kiev.

Os investigadores conseguiram identificar a embarcação que teria sido utilizada para a operação secreta. Seria um iate alugado por uma empresa sediada na Polônia, aparentemente de propriedade de dois ucranianos. 

De acordo com os jornais, a operação secreta teria sido realizada por uma equipe de seis pessoas – cinco homens e uma mulher. O grupo seria formado por um capitão, dois mergulhadores, dois auxiliares de mergulho e um médico, que teriam transportado e instalado os explosivos. A nacionalidade dos perpetradores não foi revelada, mas eles teriam usado passaportes falsos para, entre outras coisas, alugar o barco.

Nesta quarta-feira, a Procuradoria-Geral da República alemã comunicou que mandou inspecionar, em janeiro, uma embarcação que poderia ter sido usada para o transporte de material explosivo.

Traços de explosivos na cabine

Segundo a investigação revelada pelos jornais alemães, o grupo teria partido da cidade costeira alemã de Rostock em 6 de setembro de 2022. O equipamento para a operação secreta, no entanto, teria sido previamente transportado para o porto num caminhão de entrega. 

De acordo com as reportagens, os investigadores conseguiram localizar o barco novamente no dia seguinte em Wieck auf dem Darss, no estado alemão de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, e, mais tarde, na ilha dinamarquesa de Christianso. O iate foi então devolvido ao proprietário. Nele, teriam sido encontrados vestígios de explosivos.

A pista inicial sobre os autores da explosão teria sido revelada por um serviço secreto ocidental logo após a explosão dos gasodutos.

Operação de "bandeira falsa"

Os jornais alemães afirmam ter ouvido várias fontes de diferentes países. Autoridades de segurança da Alemanha, Dinamarca, Suécia, Holanda e Estados Unidos estiveram envolvidas na investigação oficial. 

Mesmo que os vestígios levem à Ucrânia, os investigadores ainda não conseguiram descobrir quem teria encomendado ou pago pela sabotagem. 

Para peritos dos serviços de segurança internacional, não se pode excluir que se trate de uma "operação de bandeira falsa", ou seja, que o autor tenha deliberadamente criado pistas que apontem para a Ucrânia como culpada. No entanto, os investigadores aparentemente não encontraram nenhuma evidência que confirme tal cenário. 

Otan pede que não haja especulações

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, apelou para que não haja especulações até a conclusão das investigações.

"O que sabemos é que houve um ataque, uma sabotagem, contra as infraestruturas críticas da Europa, mas ainda estão decorrendo uma investigação e inquéritos", destacou Stoltenberg, em Estocolmo.

Independentemente dos responsáveis, Stoltenberg referiu que a sabotagem "demonstrou a vulnerabilidade das infraestruturas críticas" da Europa, e que por isso é necessário reforçá-las.

Menos de dois meses após a explosão, o procurador responsável pela investigação preliminar na Suécia disse tratar-se de "sabotagem grosseira". Segundo os investigadores, foram encontrados vestígios de explosivos nos dutos, mas não foi possível apontar suspeitos.

Vazamentos

No final de setembro de 2022, autoridades dinamarquesas e suecas detectaram vazamentos de gás nos dutos do Nord Stream 1 e do Nord Stream 2 próximos a uma ilha da Dinamarca. Construídos pela Rússia, os dutos levam gás russo até a Alemanha. Embora nenhum dos dois estivesse em operação no momento das explosões, eles eram mantidos cheios devido à pressão.

Operados por um consórcio, no qual a gigante russa Gazprom é majoritária, os gasodutos estão no centro de tensões geopolíticas que se intensificaram com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Até 2021, Moscou era o principal fornecedor de gás para a Europa.

as/cn (Lusa, Reuters, DPA, DW, ots)

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