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Desarmamentismo

18 de maio de 2009

EUA e Rússia começam a negociar um novo acordo para redução de armas nucleares estratégicas. Mesmo assim, o governo em Moscou anunciou que pretende modernizar seu arsenal atômico. Um paradoxo?

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Moscou considera míssil Topol-M uma garantia de segurança para a RússiaFoto: AP

Em 8 de maio último, um desfile militar na Praça Vermelha, em Moscou, comemorou a vitória russa sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. O orgulho das Forças Armadas: o Topol-M, um míssil intercontinental móvel com ogivas nucleares, testado pela primeira vez com êxito em 2004. O presidente russo, Dimitri Medvedev, o considera o principal apoio à futura defesa do país.

"A primeira tarefa é elevar a prontidão de combate das Forças Armadas. Isso deve acontecer sobretudo através de armas nucleares estratégicas", declarou Medvedev, fazendo também um apelo para que as Forças Armadas cumpram sua função e garantam a segurança militar da Rússia.

Arsenal russo está ultrapassado

Desarmamento e ao mesmo tempo modernização do arsenal russo? Fato é que a Rússia, quanto às armas convencionais, ainda está aquém do poderio norte-americano. E também quanto ao arsenal atômico, a posição de Moscou é mais forte no papel do que na realidade. Grande parte do enorme potencial nuclear russo está ultrapassada, afirmam especialistas. Se o presidente norte-americano, Barack Obama, e Medvedev pretenderem reduzir o número de ogivas para 1.500, isso virá a calhar para a Rússia.

Alexander Nikitin, diretor do centro para segurança euroatlântica em Moscou, confirma que muitos mísseis russos estão ultrapassados: "Os antigos precisam ser substituídos por novos. Por isso, a Rússia deposita sua confiança nos mísseis Topol e Topol-M. E destes há centenas, e não milhares."

Desde a Guerra Fria, a Rússia e os Estados Unidos se mantiveram ligados por meio de inúmeros acordos militares. Ambas as partes também reconheceram que a intimidação militar pode funcionar com muito menos que as mais de 3 mil ogivas que cada um possui.

Escudo antimíssil no Leste Europeu pode entravar negociações

Em 2002, os presidentes Bush e Putin já haviam acertado uma redução para 2.200 mísseis. Agora, Medvedev e Obama querem restringir ainda mais. Sobretudo para a Rússia, no entanto, não se trata apenas de números. Moscou precisa de um acordo que substitua o Start, que expira no fim do ano, pois essa seria a única forma de continuar exercendo controle sobre o potencial estratégico dos EUA.

Além de detalhes técnicos que poderão entravar as negociações de um novo acordo, o que também poderá gerar conflito é o plano norte-americano de um sistema de defesa antimíssil no Leste Europeu. Mesmo que o presidente Obama esteja se mostrando mais flexível do que seu antecessor, a Rússia encara como agressão o plano de instalar bases na Polônia e na República Tcheca. Caso os EUA resolvam realmente implementar o sistema, não haverá um consenso sério de desarmamento com a Rússia.

Quanto a esse assunto, existe um potencial de conflito suficiente entre ambos os países. E até dezembro, quando o antigo acordo Start deixará de vigorar, não há muito tempo para viabilizar um acerto.

Autor: Erik Albrecht

Revisão: Rodrigo Abdelmalack