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Rússia ameaça reagir se Finlândia e Suécia aderirem à Otan

14 de abril de 2022

Aliado de Putin afirma que país poderia instalar armas nucleares no Báltico. Ministro lituano diz "estranhar" ameaça, apontando que Moscou já tem armas nucleares na região.

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Dmitri Medvedev
Medvedev afirmou que Finlândia e Suécia seriam considerados "adversários" pela RússiaFoto: DW

A Rússia irá considerar instalar armas nucleares na região do Báltico se a Finlândia e a Suécia aderirem à Otan, disse nesta quinta-feira (14/04), Dimitri Medvedev, aliado próximo do presidente russo Vladimir Putin.

"Se isso acontecer, não poderemos mais falar em status de livre de armas nucleares no Báltico", escreveu Medvedev em seu canal no Telegram. Ele foi presidente russo entre 2008 e 2012 e é atualmente o chefe adjunto do conselho de segurança da Rússia.

Ele mencionou especificamente a possibilidade de estacionar mísseis Iskander, armas hipersônicas e embarcações navais com armamento nuclear na região, cujo raio de alcance chegaria às casas de finlandeses e suecos.

"Esperamos que o bom senso de nossos parceiros do norte prevaleça", caso contrário a Rússia agiria, disse Medvedev, em meio debate crescente nos dois países sobre uma eventual adesão à Otan considerando o novo ambiente segurança na Europa após a invasão russa da Ucrânia.

Otan diz que ambos os países seriam bem-vindos

A Finlândia, que compartilha uma fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia, e sua vizinha Suécia estão considerando aderir à Otan. A aliança militar indicou que acolheria de bom grado a candidatura dos dois países. Nesta quinta-feira, a ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, reiterou que "eles são muito bem-vindos".

"Isso significa que a Rússia teria oficialmente mais adversários registrados", disse Medevedev, observando que a adesão da Finlândia à aliança mais do que dobraria a extensão de fronteiras da Rússia com o território da aliança militar. Essa fronteira teria então que ser assegurada por um aumento de forças antiaéreas e navais, afirmou.

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A Suécia e a Finlândia não tinham nada a temer da Rússia até agora, disse. "Nós não temos disputas territoriais com esses países como temos com a Ucrânia. Portanto, o preço de uma adesão é diferente para nós", afirmou Medvedev.

Armas nucleares em Kaliningrado

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou nesta quinta-feira que o Ministério da Defesa russo ainda precisava de tempo para elaborar sua resposta a qualquer movimento desse tipo. Ele disse que Putin avaliaria as propostas assim que fossem apresentadas a ele. 

A Rússia se opõe fortemente que a Ucrânia se torne membro da Otan, citando os movimentos nessa direção como um dos motivos para a tomada da Península da Crimeia em 2014.

O presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, descreveu a ameaça da Rússia de colocar armas nucleares na região do Báltico como "um tiro vazio no ar". "Não sei se é possível reestabelecer algo que basicamente já está estacionado", disse Nauseda, acrescentando que a Rússia já tinha armas nucleares em seu exclave báltico de Kaliningrado.

O ministro da Defesa lituano, Arvydas Anusauskas, disse que a ameaça parecia "bastante estranha". "Armas nucleares sempre foram mantidas na região de Kaliningrado", disse, em referência ao enclave russo espremido entre a Polônia e a Lituânia.

bl (DPA, ots)