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Rússia à frente do G8: chances e riscos

Cornelia Rabitz (sv)30 de dezembro de 2005

A partir de janeiro de 2006, a Rússia assume a presidência do G8, tornando-se oficialmente um membro integral do 'clube'. Uma presidência que deve trazer chances e riscos ao mesmo tempo.

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Líderes do G8 em papel machê. À esquerda, PutinFoto: AP

A Rússia nunca havia tido, até hoje, uma chance como esta: tornar-se um membro integral do grupo das principais nações industrializadas do mundo e, já no primeiro ano, assumir a presidência deste. O fato tem importância não apenas para o renome do país em termos de política externa, mas abre também um leque de novas possiblidades.

Questões globais

Há muito que o Grupo dos Oito – G8 – passou de mero círculo de discussão exclusivo a um fórum maior de debates, onde são tratadas questões globais e decididas as manobras de uma ordem mundial.

Em torno de cada encontro de cúpula do grupo, são tomadas decisões políticas e o alcance dos assuntos tratados é cada vez mais amplo. Hoje, já se fala no "clube" sobre armas de destruição em massa, combate ao terrorismo, questões ligadas ao meio ambiente e problemas econômicos.

Reputação política acima de tudo

Putin unterzeichnet Kyoto-Protokoll
Vladimir Putin, ao assinar Protocolo de KyotoFoto: AP

Para Moscou, divulga o ministério russo das Relações Exteriores, presidir o G8 será a mais importante tarefa em termos de política externa no ano de 2006. Quem, no entanto, tiver expectativas de que surjam idéias ou novos impulsos para solucionar os problemas mais agudos do mundo, pode ir perdendo as esperanças.

Para a presidência russa – que não pode ser necessariamente chamada de criativa – o que mais importa é a reputação política. E o presidente Vladimir Putin pretende lustrar sua própria imagem como anfitrião dos encontros do G8.

Enfim à mesa com os poderosos

A Rússia, que desde a derrocada da União Soviética anseia um retorno à grandeza dos velhos tempos, subiu de posto: da exclusão à mesa bem posta, onde os poderosos fazem suas refeições.

É certo que quem fala em nome dos grandes deste mundo não carrega a responsabilidade apenas por estes, tendo também que suportar os olhares da opinião pública se voltarem para suas próprias proezas e dificuldades.

Petróleo e gás movem relações com a UE

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Protestos em Moscou, em frente à embaixada da UcrâniaFoto: AP

A Rússia vê a si mesma como um ator global, devido a sua grandeza territorial e a seu passado, mas também em função dos recursos energéticos inesgotáveis de seu território. O suprimento de gás natural e petróleo são usados não com pouca freqüência com fins políticos, como se pode observar na briga entre o governo russo e a Ucrânia.

Os recursos energéticos são, diga-se de passagem, o que move as relações da Rússia com a União Européia, com os Estados Unidos e com outros países. A política para o setor energético e o combate ao terrorismo internacional são também os assuntos que a Rússia pretende tratar na presidência do G8. Aqui poderia-se evitar desavenças e apostar nos pontos em comum.

Descompasso entre políticas externa e interna

AIDS ist immer noch ein Tabu-Thema in Russland
Número de contaminados com o HIV aumenta no paísFoto: dpa

No entanto, a realidade é outra – e também muito distinta do que insistem em aceitar alguns membros do ilustre círculo do G8. Os anseios de poder em termos de política externa não são compatíveis com a situação dentro do país, governado por Putin de cima para baixo.

A burocracia dissemina-se pelo país, a sociedade civil se mantém estagnada, não há mais uma oposição que possa ser levada a sério e a sociedade está literalmente enferma em função de males como criminalidade, problemas com álcool e drogas, a redução drástica da expectativa de vida nos últimos anos, bem como um crescimento estratosférico da incidência de contaminação com o HIV.

Lucros só para poucos

Não importa para onde se olhe, há deficiências. Das novas conquistas capitalistas e dos rendimentos com a venda de gás natural, apenas poucos têm proveito. O resto do país afunda-se na resignação e desconfiança. Isso para não falar da ausência de progressos no processo mais que urgente de democratização. Além disso, há ainda as crises regionais e os processos de decadência geral.

Resumindo: a Rússia deve se envergonhar ao se comparar com outros países do G8. Estes, por sua vez, não podem simplesmente fechar os olhos. Está mais do que na hora de confrontar o presidente Putin com estas questões.

"Bem-vindo ao clube". Até soa bem. Quem quer participar dele, precisa certamente obedecer às regras do jogo. Quem, além disso, ainda quer dirigir o grupo, precisa ter um comportamento exemplar.