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Quinze mil turcos pediram asilo na Alemanha após golpe

1 de abril de 2018

Perseguição de Erdogan após tentativa fracassada de derrubar seu governo em 2016 fez pedidos de refúgio disparar. Entre os solicitantes estão mais de mil diplomatas e ex-servidores públicos.

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Istanbul - Visastelle deutsches Generalkonsulat
Foto: picture-alliance/dpa/S. Stache

A Agência Federal Alemã para Migração e Refugiados (BAMF) divulgou neste domingo (01/04) que 288 titulares de passaportes diplomáticos turcos e 771 de passaportes "verdes" (membros do serviço público da Turquia) solicitaram asilo na Alemanha de 2016 até o início de março de 2018.

Ele fazem parte do total de 15.654 turcos que procuraram asilo na Alemanha desde a tentativa fracassada de golpe de estado na Turquia em 2016. Segundo a agência, destes, 8.500 entraram com pedidos no ano passado, e 5.700 em 2016. Em 2018, mais de 1.400 pessoas fizeram pedidos até o final de fevereiro deste ano.

Na sequência do golpe de estado fracassado de julho de 2016, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, suspendeu ou demitiu cerca de 150.000 funcionários públicos, e prendeu cerca de 50.000 pessoas. Erdogan alegou que seu antigo aliado, o pregador Fettulah Gülen, que hoje vive nos EUA  estava por trás da tentativa de derrubar o seu governo.

Ancara também vem pedindo para que diversos governos da Europa expulsem e enviem de volta à Turquia solicitantes de asilo que teriam ligações com militantes curdos.

Solicitações

O número de pedidos aprovados na Alemanha subiu em 2017, de 8% para 28. Em 2018, 42% dos solicitantes receberam permissão para ficar na Alemanha, informou a BAMF.

Dois jornalistas alemães-turcos, Hüseyin Topel e Fatih Aktürk, disseram ao jornal Die Welt que os requerentes de asilo vêm sendo assistidos em toda a Alemanha por uma rede diversificada de indivíduos, tanto de origem alemã como turca.

Apesar da recente libertação por parte da Turquia do correspondente do jornal Die Welt, Deniz Yücel, uma mudança política dentro da Turquia ainda não é evidente, comentaram Topel e Aktürk.

"Quem fizer comentários críticos sobre o governo [turco] ou membros do governo é considerado um traidor nacional", disse Topel.

Preocupações

Um advogado turco fugitivo, que teria passado seis meses sob custódia turca, foi ouvido pela agência de notícias DPA. Identificado como Murat T., de 43 anos, ele descreveu como ele e sua esposa buscaram ajuda dentro da Alemanha apenas através de intermediários confiáveis.

"Evitamos a comunidade turca, que há muito que vive aqui [na Alemanha]. Caso contrário, não podemos ter a certeza de evitar que alguém nos devolva ao governo [turco]", disse Murat.

O advogado expressou preocupação em relação a alguns dos três milhões de residentes turcos na Alemanha, que ele apontou estarem sendo manipulados pela mídia turca: "Eles parecem acreditar em todas as palavras de Erdogan".

Outra exilada turca, uma empresária identificada apenas como Selina, de 40 anos, disse à DPA que "a desconfiança é uma condição com a qual tivemos que conviver nos últimos dois anos".

"Fomos espionados; perdemos bons e velhos amigos; fomos denunciados como supostos apoiadores de Gulen", acrescentou ela.

Ajuda cristã

Um terceiro solicitante de refúgio, identificado como professor Canan A., disse à DPA que recebeu ajuda para obter o reconhecimento da sua qualificação acadêmica por meio dos círculos da Igreja Evangélica da Alemanha.

"Fui ajudado muito pela Diakonie", disse Canan, citando a rede nacional de bem-estar social administrada pelas igrejas protestantes da Alemanha.

Canan disse que ele e sua esposa querem ficar e contribuir com seus talentos na Alemanha. "A democracia na Turquia foi desintegrada, sua oposição foi intimidada e o país também enfrenta a ruína econômica”, disse Canan à DPA.

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JPS/dpa