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Queda da inflação eleva otimismo de equipe econômica

Mariana Santos
8 de outubro de 2016

Em visita a Washington para participar de encontros com o FMI, ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirma que o Brasil está "aos poucos voltando à normalidade".

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Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles
Foto: Getty Images/AFP/A. Anholete

Em tom otimista, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta sexta-feira (07/10), em Washington, que a economia brasileira começa a dar sinais de "normalização". Entre estes sinais, segundo o ministro, estaria o registro da queda da inflação em setembro, que ficou em 0,08% – o menor índice para o mês desde 1998 – e a aprovação, na comissão especial da Câmara dos Deputados, da PEC que limita os gastos públicos à correção da inflação.

"O país aos poucos vai encontrando seu ritmo e voltando à normalidade na medida em que políticas adequadas vão sendo anunciadas, seja na área fiscal, na questão da governança das empresas estatais, e também nas ações do Banco Central de política monetária", afirmou Meirelles, durante uma conferência promovida pela Câmara de Comércio Brasil-EUA. Ele está na capital americana para participar de encontros com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Também presente no encontro, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse a jornalistas que a significativa redução do Índice do Preço ao Consumidor (IPCA), que em agosto havia registrado 0,44%, foi "uma surpresa positiva". 

Cauteloso, porém, Goldfajn evitou comentar se o anúncio de queda da inflação abrirá margem para corte dos juros na próxima reunião do Copom, que acontecerá nos dias 18 e 19. Outros fatores também devem ser avaliados, ele afirma, destacando que o BC deve observar se a redução é uma tendência ou apenas algo temporário. Analistas apostam num corte de 0,25%. Atualmente, os juros se encontram em 14,25%.

Segundo o IBGE, a inflação acumulada este ano até agora é de 5,51%. No acumulado de 12 meses, ou seja, de setembro de 2015 até agora, o índice é de 8,48%  

Expectativa com PEC dos gastos  

Meirelles ainda transmitiu a analistas e investidores presentes no encontro um grande otimismo com relação à aprovação da PEC 241/16, criada para limitar os gastos públicos. O ministro da Fazenda lembrou que a proposta de emenda passou na Comissão Especial da Câmara por 23 votos a favor e 7 contra e deve ser levada a plenário já na próxima segunda-feira. 

Leia mais: entenda a PEC do teto de gastos e como ela afeta a economia

"O relatório apresentado é forte e preserva aspectos fundamentais da PEC. Esta [aprovação] é uma boa indicação do quê está por vir", disse Meirelles, aludindo a outras reformas no horizonte da gestão do presidente Michel Temer, como as da previdência e a fiscal. O ministro afirma que esta primeira aprovação no Congresso da PEC dos gastos públicos mostra que os parlamentares estão "sensíveis à situação do país e às necessidades de reforma que o Brasil precisa".

O ministro ainda voltou a frisar que o crescimento das despesas públicas vem seguindo um ritmo "insustentável", e afirmou que, de 2008 até 2015, os gastos do governo estiveram 56% acima da inflação, enquanto o crescimento do PIB no mesmo período foi de 18%. 

Também em tom confiante, Goldfajn ressaltou que o cenário global favorável aos países emergentes, por conta dos juros baixos ou até negativos, faz com que este seja um "momento bom" para reformas, com uma maior busca por ativos destes países.   

"Brasil e outros mercados emergentes precisam aproveitar a oportunidade e colocar a economia no caminho certo. Tenho dito no Brasil que este é o exato momento para iniciar as reformas", afirmou. 

Efeito eleições 2018 

Analistas políticos e de mercado que participaram da conferência em Washington avaliam que o governo brasileiro tem mostrado decisões políticas concretas para colocar reformas em curso, o que deve melhorar a economia e animar o mercado. No entanto, alguns apontam que as eleições de 2018 deverão ter um efeito direto sobre os planos de Temer.

A diretora para Américas da agência S&P, Lisa Schineller, ressalta que as articulações políticas que já devem começar no ano que vem podem atrapalhar a aprovação de propostas no Congresso.

Já o pesquisador-chefe do grupo Eurasia, Christopher Garman, lembra ainda que presidentes eleitos para um mandato de quatro anos fazem uso de sua popularidade e apoio no Congresso no início de seus governos para seguir com reformas de mais dura aprovação, como a previdenciária. Michel Temer, ressalta Garman, não conta com essa vantagem. "Quanto mais perto das eleições, mais difícil será aprová-la", avalia.