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Experiente, não inútil

Michael Borgers (av)1 de outubro de 2008

Na Alemanha, cresce o número de pessoas de 3ª idade dispostas a colocar sua experiência e vitalidade a serviço da sociedade. Em base voluntária, a atividade tem como maior recompensa a sensação de continuar sendo útil.

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Razões para rir, mesmo em idade avançadaFoto: picture-alliance/dpa

Nesta quarta-feira (01/10) comemora-se o Dia Internacional do Idoso. Um termo que, aos poucos, deixa de ser sinônimo de inútil. Pelo contrário: na Alemanha, as pessoas idosas ativas estabelecem-se cada vez mais como colunas de apoio da sociedade, sobretudo graças a seu engajamento voluntário.

Há cinco anos, o governo alemão criou o grupo de trabalho EFI (Erfahrungswissen für Initiativen – Conhecimento Prático para Iniciativas). As 35 municipalidades participantes – de dez diferentes estados federados – receberam então meios para capacitar mais de mil treinadores de terceira idade a fim de iniciarem projetos voluntários, de forma autônoma.

Barbara Wegner tem como função escolher, em nível federal e na sua cidade natal, Colônia, quem melhor se presta ao EFI. "Via de regra, os EFIs são pessoas ainda muito ativas. A premissa do programa é que hoje há muitos idosos, na fase pós-profissional, altamente qualificados, financeiramente independentes e saudáveis, e que ainda desejam participar da vida social. Quer dizer: eles querem organizar, têm que se manter flexíveis, são bem ativos e criativos."

De olhos bem abertos

O potencial de ação dos idosos é amplo. Marga Kindler, de Duisburg, formada como vendedora, começou a se engajar como voluntária na emergência hospitalar infantil há mais de 30 anos.

Como revela, na época pensava estar simplesmente fazendo algo de bom pelos outros. Somente anos mais tarde compreendeu que também se beneficiava do próprio engajamento, na forma da boa sensação de estar sendo útil.

Há apenas poucas semanas, aos 70 anos de idade, iniciou um novo trabalho, como acompanhante de pessoas prestes a falecer. Uma de suas "pacientes" é Lucia Korell. Aos 85 anos ela sofre de demência, passa todo o tempo numa cama de asilo e quase não fala mais. Pelas paredes, retratos de seus cinco filhos, cuja lembrança ela quer manter.

Doentes como Lucia perdem pouco a pouco a memória, acabando por quase só viver no passado. Além dos funcionários do lar, sua ligação com o mundo é a visita de Marga Kindler, duas vezes por semana. "Eu falo com ela, pouso a mão em seu ombro, para que note que há alguém lá, apresento-me mais uma vez. Ela nunca me viu de olhos abertos, talvez conheça a minha voz", explica a voluntária.

Em seguida, a surpresa: "Hoje eu a vejo pela primeira vez com os olhos abertos. Que bonito."

Cultura clássica para jovens

Fritz Schramma und Barbara Wegner
Barbara Wegner (d) homenageada pelo prefeito de Colônia, Fritz Schramma, pelo projeto KIKFoto: Barbara Wegner

Neste meio-tempo, o patrocínio federal para o EFI se esgotou. As municipalidades participantes têm que obter, elas próprias, os meios necessários para a continuação do programa. No caso de Colônia, o grupo se associou à Agência de Trabalho Voluntário da cidade, e também recebe verbas do estado da Renânia do Norte-Vestfália.

Contudo, trata-se apenas de dar o primeiro impulso a cada projeto: o próprio EFI é quem deve cuidar para que ele se realize. Esta é uma de suas tarefas mais importantes, observa Barbara Wegner, que conhece a situação por experiência própria.

Há dois anos ela concretizou uma idéia: KIK (Kultur in Köln – Cultura em Colônia). Trata-se de um dos projetos-modelo do programa EFI, havendo recebido até mesmo um prêmio de cidadania. Sua meta é aproximar da cultura tradicional os jovens socialmente menos favorecidos.

Em diversos workshops, eles aprendem música clássica em vez de rap, teatro em vez de cinema, balé no lugar de break dance. Este ano, a participação no projeto foi recompensada com uma experiência inesquecível: cantar e representar uma cena da ópera Carmen, de Bizet, acompanhados pela tradicional Orquestra Gürzenich.