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Quando o coração partido vira uma doença

12 de abril de 2016

A sensação de aperto no peito após uma desilusão pode não ser apenas psicológica. A perda do parceiro eleva o risco de desenvolver uma arritmia cardíaca que pode ter consequências graves para a saúde, aponta estudo.

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coração, batimentos cardíacos
Foto: Fotolia

Perder a pessoa amada, seja pelo fim do relacionamento ou por morte, afeta o coração – literalmente. Quem vivencia a morte de um parceiro tem mais risco de desenvolver fibrilação atrial, um tipo de arritmia cardíaca, aponta um estudo publicado neste mês na revista científica Open Heart.

Cientistas estudam há tempos a chamada síndrome do coração partido, caracterizada pela dor física e emocional causada pela perda de um cônjuge ou parceiro romântico, incluindo tensão no tórax, perda de apetite e insônia, por exemplo.

Agora, o novo estudo, realizado na Dinamarca, aponta que o risco de desenvolver fibrilação atrial permanece alto durante até um ano após a morte do companheiro. A condição pode provocar acidente vascular cerebral (AVC) e falência cardíaca.

Após coletarem informações de mais de 88 mil pessoas diagnosticadas com fibrilação atrial e mais de 886 mil pessoas saudáveis entre 1995 e 2014, os pesquisadores concluíram que esse risco é duas vezes maior em pessoas com menos de 60 anos de idade.

O risco também aumenta quanto mais inesperada foi a perda do parceiro. Aqueles cujos cônjuges ou companheiros estavam relativamente saudáveis no mês anterior à morte e, portanto, foram pegos de surpresa pela perda, apresentaram 57% mais chance de desenvolver arritmia cardíaca.

Entre os vários fatores que podem influenciar o risco de fibrilação atrial analisados estão o tempo decorrido desde o falecimento, a idade, o sexo, e condições subjacentes, como doença cardíaca e diabetes.

As chances de desenvolver arritmia cardíaca pela primeira é 41% maior entre os que sofreram perdas do que entre os que não sofreram, independentemente do sexo e de doenças complementares, aponta a pesquisa.

Ligação mente-coração

Apesar de o estudo ser observacional e uma relação de causa e efeito ainda não estar comprovada, os pesquisadores destacam que já se sabe que o luto aumenta o risco de doença cardiovascular, mental e até de morte. Segundo os cientistas, o stress agudo pode influenciar diretamente o ritmo dos batimentos cardíacos e desencadear a produção de substâncias químicas envolvidas em processos inflamatórios.

"Este estudo acrescenta evidências ao conhecimento crescente de que a ligação mente-coração é poderosa", disse Simon Graff, autor do estudo e pesquisador do Departamento de Saúde Pública da Universidade de Aarhus à revista Time.

Harmony Reynolds, cardiologista do Centro Médico Langone, em Nova York, também estudou a relação entre stress e o coração. À Time, ela afirmou que tal ligação é amplamente reconhecida pela comunidade médica, mas que ainda não se sabe exatamente o que fazer sobre ela.

"Não podemos evitar situações estressantes, mas pode haver formas de mudar a maneira como estresse afeta nosso corpo", disse Reynolds. A médica recomenda exercícios regulares, meditação e ioga e respiração profunda, que aumentam a atividade do sistema nervoso parassimpático.

LPF/ots