1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Príncipe e cidade alemã disputam castelo no Reno

Bettina Baumann ca
27 de junho de 2019

Município de Sankt Goar é proprietário do Castelo de Rheinfels, no Vale do Reno, há 95 anos. Descontente, príncipe reivindica construção do século 13 para si, mas tribunal rejeita queixa. Disputa ainda não terminou.

https://p.dw.com/p/3L8gs
Burg Rheinfels, no Vale do Reno
Construção do século 13, o Burg Rheinfels abriga hoje um hotelFoto: picture-alliance/imageBroker

O Castelo de Rheinfels, antiga propriedade da nobre família Hohenzollern, está localizado no pitoresco Vale de Loreley, às margens do rio Reno, na Alemanha. O prédio do século 13 faz parte do Vale do Alto Médio Reno, Patrimônio Mundial da Unesco, e atrai turistas de todo o mundo. A antiga fortaleza é motivo agora de uma acirrada disputa judicial: quem é o verdadeiro dono de Burg Rheinfels?

Para o príncipe Georg Friedrich da Prússia, a resposta é clara: ele próprio, e não a atual proprietária – a cidade de Sankt Goar, no estado da Renânia-Palatinado.

O bisneto de Guilherme 2° – último imperador alemão e rei da Prússia – tentou recuperar o castelo com uma ação judicial contra a prefeitura da cidade, o estado da Renânia-Palatinado e o Hotel Castelo Rheinfels, que fica no interior da construção.

A sua queixa, contudo, foi rejeitada no Tribunal Regional de Koblenz pelo juiz Christian Stumm, na terça-feira (25/06). A decisão ainda não é final.

Esperança de solução amigável

Em entrevista à DW, o prefeito de Sankt Goar, Horst Vogt, disse acreditar que o príncipe deve recorrer da decisão, levando a queixa, se necessário, até a instância máxima, o Tribunal Constitucional Federal em Karlsruhe.

Se não tivesse uma chance de ganhar, Georg Friedrich não teria tomado medidas tão importantes, disse Vogt, referindo-se à ação de 300 páginas apresentada pelo príncipe e aos custos do processo.

Georg Friedrich da Prússia, da casa de Hohenzollern
Georg Friedrich da Prússia, da casa de HohenzollernFoto: picture-alliance/dpa/R. Hirschberger

Um advogado que representa a casa de Hohenzollern, da qual Georg Friedrich é membro, afirmou à DW que as razões para a decisão do juiz Stumm serão cuidadosamente examinadas e, depois disso, uma recomendação será feita ao seu cliente.

Embora o príncipe possa se beneficiar levando o caso a outro tribunal, onde a queixa poderia ser tratada de maneira diferente, ainda se espera que uma solução amigável possa ser encontrada.

Gert Ripp, operador hoteleiro do Castelo Rheinfels, disse à DW que ainda acredita ser possível um acordo com o príncipe e que não se deve esperar que o caso chegue ao tribunal de Karlsruhe.

Por que o príncipe reivindica Rheinfels?

A casa de Hohenzollern comprou o castelo em meados do século 19. A cidade de Sankt Goar tornou-se proprietária em 1924, com a condição de que as enormes muralhas medievais não fossem vendidas.

Em 1998, a cidade e o hotel assinaram um contrato de arrendamento do castelo por 99 anos, com a possibilidade de uma renovação contratual por igual período de tempo. Mas o príncipe da Prússia argumenta que um arrendamento de 99 anos equivale a vender o castelo.

Ripp, que trabalha no hotel, disse acreditar que o príncipe está apenas interessado em reivindicar seus direitos, mas o prefeito de Sankt Goar afirmou estar convencido de que "dinheiro" é a motivação por trás do que ele chamou de "ataque".

"Caso contrário, ele teria vindo [...] antes com sua reivindicação", disse Vogt, e não esperaria até depois de o estado, a cidade e o arrendatário terem investido milhões de euros no castelo para reivindicá-lo.

Em sua decisão, o juiz Stumm afirmou que as ruínas do castelo haviam sido transferidas à administração da Casa Real prussiana, após a queda do Império Alemão, como "ativos especiais vinculados", e não como propriedade privada da família Hohenzollern.

Assim, somente à administração, não à família Hohenzollern, foi garantido o direito de rescindir o acordo – quando o castelo foi arrendado pela prefeitura de Sankt Goar em 1998 – caso houvesse preocupação com a proteção do monumento ou se o castelo fosse vendido.

Isso significa que o Burg Rheinfels nunca poderia pertencer à família Hohenzollern. Na melhor das hipóteses, poderia se tornar propriedade do Estado prussiano, cujo sucessor legal seria o estado da Renânia-Palatinado.

Ripp e Vogt congelaram novos investimentos enquanto aguardam o resultado final do caso. Georg Friedrich e seus advogados têm um mês para recorrer da decisão.

______________

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube 
WhatsApp | App | Instagram | Newsletter