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Arte

15 de janeiro de 2011

Em toda a Alemanha, máquinas semelhantes àquelas onde no país normalmente é possível comprar cigarros em troca de moedas devolvem ao consumidor miniaturas de obras de arte.

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Foto: DW

Em Bad Münstereifel, no oeste alemão, uma das máquinas automáticas, onde usualmente os fumantes adquirem cigarros, datada dos anos 1960, ganhou uma nova inscrição em vermelho: "arte da caixa". Quem jogar ali dentro seis moedas, pode abrir uma gaveta, de onde sairá um pequeno pacotinho branco.

Ao abrir cuidadosamente a caixinha de papelão, surge uma escultura em miniatura da casa em estilo enxaimel, onde a máquina automática encontra-se instalada. A responsável pelo projeto de criar obras de arte em miniatura, a serem "cuspidas" por máquinas automáticas, é Julia Brück.

Lembrancinhas no lugar de cigarros

A artista e seu marido, Hektor Gobbi, se mudaram há algum tempo da urbana Düsseldorf para a campestre região montanhosa do Eifel. "Isso aqui é um sonho. Depois de quatro ano, continuamos nos sentindo como se estivéssemos de férias", diz ela. No entanto, Brück, formada em artes gráficas, nunca se acostumou à ideia de que não havia belos souvenires da região que escolheu para viver.

Por isso, resolveu ela mesma pôr a mão na massa, criando miniaturas originais que apresentam ligação com a região. As pequenas obras cabem sem problemas dentro de uma caixa do tamanho de uma cartela de cigarros. Sendo assim, elas puderam ser inseridas em diversas "máquinas automáticas de arte", devidamente restauradas e espalhadas pela região. Em 16 lugares, entre os rios Reno e Mosela e na cadeia montanhosa do Eifel, as obras de Brück esperam pelos consumidores.

Julia Brück und Hector Gorbi
Julia Brück e Hector GobbiFoto: DW

Elas trazem motivos da flora e fauna regionais, bem como desenhos das localidades ou colagens inusitadas. Cada uma é única e sempre adaptada ao local onde está instalada a máquina automática que a contém.

Quando passeia pela região, por exemplo, Julia Brück costuma coletar frutas silvestres, gramíneas e pedras, para depois inseri-las em suas miniaturas. Graças à forma de comércio, ou seja, através das máquinas, os interessados não têm que se ater a horários de abertura, podendo adquirir os souvenires até mesmo em locais onde não há nenhum outro tipo de estabelecimento comercial.

Tino para negócios e amor ao detalhe

Hektor Gobbi acabou, com o tempo, abandonando seu emprego como topógrafo, a fim de apoiar melhor o trabalho de sua mulher. Ele assessora Brück em questões técnicas, compra máquinas antigas em leilões pela internet, as restaura e enverniza. Gobbi diz que nunca duvidou do sucesso dessas máquinas. "Caso contrário, eu teria desaconselhado minha mulher. Mas a qualidade é boa e os clientes estão satisfeitos".

Kunstautomat mit Kunstminiaturen von Julia Brück
Original de desenhos que reproduzem região onde as obras são vendidasFoto: DW

Dois anos depois do início do negócio, o casal já consegue viver disso. Há de lembrar, contudo, salienta Julia Brück, que nas regiões mais campestres as pessoas gastam também bem menos que nas cidades. Muita gente já perguntou por que ela não aumenta o preço de cada peça, que hoje sai por seis euros. Para a artista, porém, isso é impensável, já que a ideia é fazer com que qualquer pessoa que goste de souvenires possa também adquirir um dos seus.

Fãs ocultos se declaram

Para sobreviver em estações do ano mais frias, quando as máquinas são menos utilizadas, devido à baixa no fluxo de turistas, o casal oferece as miniaturas durante o verão também em mercados de arte. Uma atividade que denominam "acumular gordura para o inverno", em tom de brincadeira. Os mercados são também uma oportunidade bem-vinda de encontrar pessoalmente os clientes que, no caso das máquinas, permanecem anônimos.

Günter Portz, gerente de uma fábrica de biscoitos em Bad Münstereifel, é um dos fãs das pequenas obras de arte. Quando as viu pela primeira vez, ele se entusiasmou de cara. "Acho essas miniaturas lindas. Até posso imaginar apresentá-las ao público em meu café". Segundo ele, no momento a procura pelas obras está relativamente baixa, mas no mais tardar com a chegada da primavera europeia a situação deverá melhorar, com a presença de mais turistas na região.

Por isso, Julia Brück e Hektor Gobbi já têm uma nova ideia: oferecer um guia de caminhadas com o percurso "de máquina a máquina" de souvenir. Desta forma, os turistas poderão descobrir a região de uma maneira absolutamente peculiar. E, pequenas como são as peças, elas vão certamente caber em qualquer mochila.

Autora: Elisabeth Jahn (sv)

Revisão: Marcio Damasceno