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Polícia russa prende 200 pessoas em evento da oposição

13 de março de 2021

A seis meses das eleições parlamentares, oficiais invadem fórum promovido por partidos opositores e detêm quase todos os participantes, incluindo jornalistas que cobriam o encontro.

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Opositor é preso em Moscou
Críticos de Putin denunciam "máquina de repressão" à oposição na RússiaFoto: Victor Berezkin/AP/picture alliance

A polícia da Rússia invadiu neste sábado (13/03) uma conferência realizada por partidos da oposição em Moscou e prendeu cerca de 200 pessoas – ou praticamente todos os participantes do evento –, segundo informou o Ministério do Interior russo.

O fórum de críticos do presidente Vladimir Putin, previsto para durar dois dias, tinha como objetivo ajudar políticos opositores a se conhecerem e colaborarem uns com os outros antes das eleições regionais no país, previstas para setembro. Pessoas de mais de 50 regiões da Rússia estavam reunidas no evento.

Dezenas de pessoas, incluindo jornalistas que cobriam o encontro, foram detidas temporariamente no hotel onde a conferência estava sendo realizada, na zona norte de Moscou.

Vários políticos e ativistas proeminentes da oposição estavam entre os que foram levados sob custódia em veículos de transporte de prisioneiros, incluindo Vladimir Kara-Murza, Alexei Pivovarov, Ilya Yashin e Yevgeny Roizman. Alguns foram libertados após várias horas.

Kara-Murza, que havia publicado nas redes sociais uma imagem de si mesmo numa viatura policial, denunciou horas mais tarde, após sua libertação, haver uma "máquina de repressão" na Rússia.

Outros participantes detidos também compartilharam vídeos em delegacias de polícia. Alguns dos presos disseram que as autoridades de segurança russas estavam abrindo processos contra eles por cooperarem com uma "organização indesejada".

"O governo obviamente acredita que está demonstrando força. Na realidade, todos esses policiais correndo por aí – parece apenas lamentável e feio", afirmou Ilya Yashin, um aliado do líder opositor Alexei Navalny e um dos detidos neste sábado.

A polícia interrompeu o evento em Moscou apenas meia hora depois de seu início, quando os primeiros oradores tinham acabado de subir no palco para discursar.

As forças policiais afirmaram mais tarde que a conferência envolvia uma organização "não desejada na Rússia". Eles poderiam estar se referindo à organização "Rússia Aberta", de Mikhail Khodorkovsky, que foi declarada "organização indesejada" há vários anos. Kara-Murza é o coordenador do grupo na Rússia.

A mídia independente, no entanto, apontou que o fórum foi organizado pelos chamados "Democratas Unidos", um grupo que não foi banido no país.

Mais tarde, a polícia alegou que os participantes do evento não estavam cumprindo as medidas de contenção contra a pandemia de coronavírus, e por isso foram detidos.

A oposição russa tem alertado repetidamente sobre as violações da liberdade de reunião pelas forças de segurança do país. As tentativas dos opositores de se reunir e se organizar fracassaram repetidamente por esse motivo.

Um novo parlamento será eleito na Rússia daqui a seis meses. O partido Rússia Unida, ligado ao presidente Putin, detém atualmente 335 dos 450 assentos na assembleia e busca manter sua maioria de dois terços, mas pesquisas recentes mostram uma queda nas intenções de voto.

ek (AFP, DPA, Lusa)