1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Polícia prende centenas em operação contra feminicídio

24 de agosto de 2018

Operação Cronos detém mais de mil pessoas, além de apreender dezenas de armas de fogo. Mais de 6 mil policiais cumpriram mandados de prisão em todo o país. Brasil tem quinta maior taxa de feminicídio do mundo.

https://p.dw.com/p/33ixL
Viatura da Polícia Civil
A chamada Operação Cronos ocorre em 16 estados do país e no Distrito FederalFoto: Agência Brasil/M. Camargo

A Polícia Civil deflagrou nesta sexta-feira (24/08) uma operação nacional de combate ao feminicídio e ao homicídio, tendo prendido, ao todo, 1.029 pessoas. Outros 75 adolescentes foram apreendidos. Mais de 6,6 mil policiais cumpriam mandados de prisão em todo o país.

Dentre os presos, 14 foram pela prática de feminicídio, 225 por homicídio, 143 por crimes relacionados à Lei Maria da Penha e 421 por crimes diversos. 

Segundo o Ministério da Segurança Pública, foram autuadas em flagrante 224 pessoas pelos delitos de tráfico de drogas e posse ou porte irregular de arma de fogo, entre outros crimes. Também foram apreendidas 66 armas de fogo e cerca de 150 quilos de drogas.

"O que estamos fazendo hoje é um esforço concentrado no combate ao feminicídio", explicou o delegado Emerson Wendt, presidente do Conselho Nacional dos Chefes de Polícias Civis, órgão que coordena a operação.

 A ação, batizada de Operação Cronos e que conta com o apoio do Ministério da Segurança Pública, foi definida em julho durante reunião com o ministro da pasta, Raul Jungmann.

"Esse trabalho levou meses para ser desencadeado", explicou o ministro em coletiva de imprensa em Brasília. Segundo ele, a operação é uma forma de reiterar a importância da Lei Maria da Penha, já que pessoas que descumpriram medidas protetivas previstas nesta lei também foram alvo de mandados de prisão.

"[O feminicídio] é um crime covarde, que acontece muitas vezes dentro de casa e é algo que tem que ser repelido", acrescentou o ministro.

As investigações contaram com o apoio do chamado Banco de Perfil Genético, que registra o DNA de autores de crimes sexuais para que seja comparado com o encontrado nas vítimas. O ministério espera ampliar esse banco até o fim do ano que vem, chegando a 130 mil perfis cadastrados.

"Quando ocorrer um estupro ou um feminicídio, é possível fazer a comparação do material genético encontrado na cena do crime com os DNAs", afirmou Jungmann. "Isso dá velocidade, precisão, e permite a elucidação de crimes."

A Operação Cronos ocorre em 16 estados do país e no Distrito Federal. O nome da operação é uma referência à supressão do tempo de vida da vítima, reduzido pelo autor do crime.

No mesmo mês de julho, quando a operação foi definida pelas autoridades competentes, o assassinato de uma mulher no Paraná chocou o país. A advogada Tatiane Spitzner, de 29 anos, foi jogada do apartamento onde morava com o marido, o professor Luis Felipe Manvailer, que está preso suspeito pela morte.

O Brasil é o país com a quinta maior taxa de feminicídio do mundo. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos de mulheres por razões de gênero chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres no país.

O Mapa da Violência apontou que, entre 1980 e 2013, mais de 106 mil mulheres foram vítimas de feminicídio no Brasil. Em mais de 50% das vezes, foram os próprios familiares que cometeram os assassinatos. Em 33,2% dos casos, foram parceiros ou ex-parceiros.

O feminicídio passou a constar no Código Penal brasileiro a partir de 2015, como circunstância qualificadora do crime de homicídio. A lei também incluiu esse tipo de assassinato no rol dos crimes hediondos.

EK/abr/ots

____________

A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas. Siga-nos no Facebook | Twitter | YouTube | WhatsApp
App | Instagram | Newsletter