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Polícia da Austrália gerenciou site de pedofilia

Alistair Walsh md
8 de outubro de 2017

Jornal norueguês revela que durante um ano agentes da cidade de Brisbane assumiram homepage, após prisão do antigo administrador da página, até mesmo publicando imagens de abusos. Operação visava desmascarar usuários.

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Illustration - Cyberkriminalität Darknet
Policiais australianos fecharam a página de pedofilia após a administrarem durante um anoFoto: picture-alliance/dpa/S. Stein

Um jornal norueguês revelou que a polícia australiana administrou durante um ano um site popular de pedofilia na darknet, em um artigo investigativo publicado em inglês neste sábado (07/10).

Um especialista em TI que investigou para o tabloide norueguês Verdens Gang, conhecido como VG, descobriu em janeiro que o site de pornografia infantil Childs Play estava sendo hospedado pela polícia no estado australiano de Queensland. O VG fez a descoberta ao explorar uma vulnerabilidade no código do site, obtendo seu endereço IP.

Os repórteres do VG foram a Brisbane para perguntar a polícia sobre o motivo de administrar um dos principais sites de compartilhamento de imagens e imagens de abuso infantil. Eles receberam informações sobre a operação sob condição de não publicarem a reportagem até que a própria polícia fechasse o site.

Os jornalistas noruegueses descobriram a polícia australiana já estava administrando o site desde outubro de 2016 depois que o antigo administrador canadense do site foi preso no estado da Virgínia, nos EUA.

A polícia disse ao VG que rastreou o administrador do site, o canadense Benjamin Faulkner – conhecido na internet como WarHead e também como Curiousvendetta – depois que ele postou um texto em um fórum técnico pedindo ajuda sobre um código que ele estava usando em um outro site de abuso infantil, chamado Giftbox.

Força-tarefa para pedofilia

Faulkner foi preso, juntamente seu comparsa, o americano Patrick Falte, apelidado de Crazymonk – que também estava sendo rastreado pela polícia – em uma casa na Virgínia, nos EUA. No lugar, os dois haviam marcado um encontro para estuprar uma menina de quatro anos, a convite de um usuário do fórum. Após serem presos, eles entregaram à polícia as chaves do site Childs Play.

Silhueta de homem junto de cifras de emails
Agentes australianos afirmam que conseguiram desmascarar usuários após assumirem página de pedofiliaFoto: picture-alliance/dpa

A força-tarefa Argos, da polícia de Queensland, tem reputação de conseguir se infiltrar e derrubar sites de pedofilia. A equipe estava investigando o site Giftbox há algum tempo. Por isso, o Departamento de Segurança Interna dos EUA entregou as chaves do site para a Argos, informou a polícia à VG.

A força-tarefa Argos, da polícia australiana de Queensland, teria então assumido o site Childs Play, se fazendo passar por WarHead, inclusive publicando imagens de abuso com menores, até setembro de 2017, quando o site foi fechado. O jornal norueguês publicou a reportagem logo depois. Durante o período em que administrou a página, a polícia monitorou a comunicação no site e alterou códigos para desmascarar seus usuários.

Mais de um milhão de contas

A polícia australiana disse aos jornalistas noruegueses que seu controle do site e seu banco de dados de mais de um milhão de usuários forneceram informações valiosas, que possibilitaram o salvamento de crianças e a prisão de criminosos.

A força-tarefa australiana está no momento em processo de enviar casos às polícias em todo o mundo. A polícia disse ao VG possuir uma lista de alvos com entre 60 e 90 nomes.

A polícia de outro país não mencionado teria uma lista de cerca de 900 pessoas a serem presas.

Mais de uma dúzia de crianças foram salvas pela polícia canadense, que também encaminhou 100 casos para outros países, de acordo com o VG.

Os dois homens, o canadense Benjamin Faulkner e o americano Patrick Falte, que se reuniram para violar a menina de quatro anos na Virgínia e acusados de dirigir os sites Childs Play e Giftbox, foram sentenciados à prisão perpétua pelo caso em Virgínia. O envolvimento deles nos sites de pornografia infantil ainda irá a julgamento.