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Poloneses não querem saber do euro

Rafal Kiepuszewski (mp)28 de agosto de 2015

A crise na Grécia fez políticos e cidadãos na Polônia repensarem as aspirações a uma possível adesão à moeda comum. Partido favorito nas legislativas de outubro pede que "se esqueça" ingresso na união monetária.

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1 Zloty Münze
Foto: Fotolia/whitelook

Uma pesquisa de opinião aponta que os poloneses passaram de apoiadores entusiasmados do euro a opositores da união monetária por causa da crise na Grécia. Em 2014, nas comemorações dos dez anos do ingresso da Polônia na União Europeia (UE), existia uma maioria estável a favor do euro. Mas, em pouco tempo, o índice de cidadãos contrários à ideia chegou a 54%.

"Eu estou realmente preocupado que a Polônia seja obrigada a pagar pela instabilidade financeira do sul da Europa, assim como a Eslováquia e os países bálticos, que fazem parte da zona do euro, mas não são tão ricos como os integrantes mais antigos", opina um estudante de Varsóvia à DW.

Devido ao temor público, o partido liberal no poder, Plataforma Cívica – que já foi um entusiasta do ingresso do país na zona do euro – agora deixa o tema em segundo plano nos debates.

A primeira-ministra da Polônia, Ewa Kopacz mal mencionou a questão na campanha para as eleições legislativas de outubro. Em uma rara declaração sobre o assunto, ela disse que uma eventual adesão ao euro demoraria pelo menos cinco anos.

O recém-eleito presidente da Polônia, Andrzej Duda, deixou claro que só concordaria com a adoção do euro quando a renda polonesa atingisse o "nível da europeia". De acordo com dados do escritório de estatísticas do país, o rendimento médio polonês é cerca de 900 euros bruto por mês - muito menos do que na Alemanha.

O ministro do Exterior Grzegorz Schetyna disse, na semana passada, no entanto, que "uma Europa em duas velocidades" não é de interesse polonês. Ele lembrou que a "crise na Grécia não significa o fim do debate sobre a introdução do euro na Polônia". Schetyna espera que "os jovens poloneses vejam isso com os olhos de quem enxerga os benefícios das fronteiras abertas e da livre circulação de capitais que a EU oferece".

Polen Ministerpräsidentin Kopacz Regierungskrise
Kopacz: adesão ao euro vai levar pelo menos cinco anosFoto: picture-alliance/epa/O. Hoslet

Economia forte, mas perspectivas pouco claras

Para muitos jovens poloneses, a Europa aberta é uma realidade. As agências de classificação de risco como Standard & Poor's têm sempre dado notas positivas a Polônia devido aos "fortes fundamentos macroeconômicos" do país. O Produto Interno Bruto subiu em média mais de 4% nos últimos 20 anos – um dos melhores desempenhos na Europa.

Mas será que a exportadora Polônia pode manter este desempenho com a moeda própria (zloty), tendo em vista que seu principal mercado é a UE? "A curto prazo, o fato de a Polônia se manter fora da união monetária beneficiou a competitividade das exportações polonesas", explicou à DW o especialista em economia Jan Sosna, da revista Mercado Polonês. "Mas, a longo prazo, os exportadores têm que se posicionar a favor da entrada na zona do euro para limitar os custos de conversão e oferecer maior segurança de planejamento."

De qualquer forma, a Polônia ainda não atendeu a todos os critérios para ingressar na zona do euro, apesar de os acordos europeus preverem como obrigatório a adesão à união monetária. Sosna acredita que a Polônia poderia fazer mais para equilibrar o orçamento público.

Decisão em referendo?

O veterano presidente do partido conservador Lei e Justiça (PiS) – que está na frente nas pesquisas de intenção de voto para as legislativas –, Jaroslaw Kaczynski, defende há bastante tempo uma consulta popular para a introdução do euro.

Mas embora seja o principal estrategista do partido, Kaczynski tem deixado os holofotes para os políticos mais jovens, que devem também atrair as novas gerações de eleitores.

E estes jovens políticos não chegaram a um consenso sobre a consulta popular. O conselheiro de política externa do presidente Duda, Krzysztof Szczerski, disse que "os poloneses deveriam decidir se querem o euro em um referendo."

Beata Szydlo, considerada favorita para assumir o cargo de primeira-ministra após eleições de outbro, pediu ao atual governo que "se abandone a ideia de adotar o euro".