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Pesquisa em tempos de vacas magras

Silke Bartlick / lk27 de dezembro de 2002

Os subsídios federais à pesquisa na Alemanha não serão aumentados em 2003, contrariando promessas anteriores do governo. A Deutsche Welle conversou a esse respeito com a ministra da Pesquisa, Edelgard Bulmahn.

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Cortes no orçamento não permitem aumentar os subsídios aos pesquisadores

DW: A sra. informou os presidentes das sociedades de pesquisa da Alemanha, em encontro realizado a 20 de novembro, que o aumento prometido de 3% na fatia do orçamento federal destinada à pesquisa será cortado por completo. Houve alguma mudança nessa decisão?

Edelgard Bulmahn: Comuniquei aos presidentes naquela reunião que os subsídios não serão reduzidos em relação ao orçamento de 2002, mas que, diante da situação orçamentária — todo o orçamento vai sofrer cortes porque a arrecadação caiu muito —, infelizmente não poderemos financiar o aumento que eu havia planejado. Claro que eu mesma sou a que mais sente, porque eu queria muito. Mas as organizações podem estar seguras de que continuarão recebendo todos os aumentos de subsídios que lhes foram concedidos nos últimos anos. Paralelamente, disse aos estados que eu aceitaria uma proposta alternativa que eles fizessem com relação a projetos que têm financiamento conjunto da União e dos estados, desde que ela fosse viável. Mas os estados até agora não chegaram a um consenso.

DW: Como é que as sociedades de pesquisa vão conseguir manter sua competitividade, considerando que os orçamentos das concorrentes no exterior vão crescer substancialmente?

Bundesbildungsministerin Edelgard Bulmahn
Edelgard Bulmahn, ministra da Educação e PesquisaFoto: AP

Edeltraud Bulmahn: Digo mais uma vez que nós também tivemos aumentos substanciais de quatro anos para cá, em alguns casos até em torno de 20% e, considerando o orçamento como um todo, a taxa de aumento chega a 25%. Isso não é nada mau na comparação internacional, estamos mesmo na ponta das taxas de crescimento, comparando com outros países. Para o orçamento de 2003, não foi possível implementar o aumento que eu esperava conceder, por que a situação piorou em geral. Como ministra da Educação e Pesquisa, não posso simplesmente ignorar isso. Estamos com um orçamento federal menor e uma fatia para a pesquisa que não diminuiu, só que sem o aumento substancial dos últimos anos. Na prática, isso significa que nem todos os setores terão aumento. Existem setores em que a legislação me obriga a conceder aumentos, por exemplo, no fomento à pesquisa no leste do país, onde seria uma catástrofe se houvesse cortes. A pesquisa no leste da Alemanha vem sendo bastante incrementada, e vamos continuar com essa linha. Repito: se os estados fizerem uma proposta viável para os projetos de incentivo conjunto, eu aceito. Mas agora os estados precisam apresentar uma proposição.

DW: A sra. não acha que já está na hora de fazer uma distribuição diferente dos recursos, considerando que uma sociedade que tem boa formação e se dedica a pesquisas inovadoras acaba dando um bom retorno financeiro a longo prazo?

Edelgard Bulmahn: O atual governo federal, e sobretudo esta ministra da Pesquisa com quem você está falando agora, sempre pleiteou nos últimos anos um maior investimento na educação, na ciência e na pesquisa. E isso tanto de parte do poder público como da iniciativa privada. As duas coisas são necessárias. Eu gostaria muito, por exemplo, que isso conduzisse a uma cultura das fundações na Alemanha. O que nós temos aqui em termos de fundações privadas é muito pouco em comparação com outros países. E também em comparação com o que o Estado aplica. Seria importante que ambas as partes chegassem a essa conclusão. Por outro lado, existe também a declaração dos chefes de governo europeus, segundo a qual 3% do Produto Interno Bruto deve ser investido em pesquisa e desenvolvimento, sendo pelo menos dois terços de parte da iniciativa privada e no máximo um terço pelos cofres públicos. Nós fizemos grandes progressos neste sentido, estamos com 2,5%, na ponta do ranking dos grandes países da Europa. Os países escandinavos são melhores do que nós, mas precisamos continuar neste caminho.