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Quase de carne e osso

27 de dezembro de 2010

Cientistas do Instituto Fraunhofer caminham em direção a um antigo sonho: recuperar funções corporais e sensoriais por meios tecnológicos. Acoplamento ao sistema nervoso e biocompatibilidade ainda são grandes desafios.

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Mão humana dispõe de 17 mil sensores: uma meta para neuroprotéticosFoto: AP

Em um filme de ficção científica, é bem simples: o herói perde o braço no duelo de armas-laser e recebe, no ato, a peça de reposição. Ela não só tem a aparência exata do original humano, como funciona pelo menos tão bem quanto o mesmo.

Na realidade, acoplar diretamente peças eletrônicas ao sistema nervoso humano é um empreendimento dificílimo. Mas que começa a funcionar, abrindo perspectivas totalmente inéditas, afirma o professor Klaus-Peter Hoffmann, do Instituto Fraunhofer de Tecnologia Biomédica em Sankt Ingbert, no estado alemão do Sarre. "A nova abordagem é que prótese deve ser capaz de ser manipulada intuitivamente", aponta o cientista.

Até o momento, um paciente com o braço amputado precisa aprender e treinar penosamente a movimentação de sua prótese. A tensão e distensão consciente de um músculo remanescente funcionam como uma espécie de interruptor. A prótese traduz, então, os ínfimos impulsos elétricos resultantes em um determinado comando: segurar, girar ou abrir a mão, por exemplo.

Movimento e tato

Mas, com o novo controle intuitivo, tudo ficará muito mais simples, anuncia Hoffmann. "O paciente só precisa iniciar um movimento, desses que fazemos sem pensar, e a prótese realiza esse movimento." Porém o diretor do departamento de técnica médica e de neuroprotética valoriza também um segundo aspecto, até então muito negligenciado nas próteses: o sensorial, a recuperação do sentido do tato.

"Dispomos de 17 mil sensores na mão, que medem temperatura, força e similares; sem olhar, sabemos qual é a disposição dos dedos no espaço. Essas são informações de que o paciente também precisa, é claro", explica Klaus-Peter Hoffmann.

A meta de longa prazo seria um feedback, o mais diferenciado possível, da prótese para o cérebro, diz Hoffman. Para o futuro mais próximo, ele já estaria satisfeito de poder instalar uma centena de sensores em sua prótese, cujos sinais seriam transmitidos ao sistema nervoso.

Prothesen FLASH Galerie
Modelos modernos de prótese de mãoFoto: Otto Bock HealthCare GmbH

Questões de biocompatibilidade

A contribuição especial do cientista para o campo da prótese biônica são micro-eletrodos ultradelgados, capazes de se conectar com as fibras nervosas, criando, por assim dizer, uma interface entre ser humano e máquina.

Os elétrodos se compõem do polímero poliimida e platina. Como se trata de uma tecnologia ainda muito nova, não se sabe de que modo o corpo reagirá a longo prazo a uma implantação dessas. Klaus-Peter Hoffmann vê aqui uma demanda de pesquisa.

"As questões de biocompatibilidade são muito importantes, pois um sistema tecnológico como esse não participa do metabolismo, não cresce, e isso gera vários problemas que dificultam o avanço, a partir daqui." Além disso, a neuroprotética ainda é um campo novo, e os processos de licenciamento para sua prática clínica ainda são extremamente demorados.

Autor: Michael Gessat (av)
Revisão: Roselaine Wandscheer