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'O Bayern voltará ao topo'

Daniel Martinez (as)29 de fevereiro de 2008

O ex-jogador e atual assessor da direção do Bayern de Munique afirma que o clube tomou as decisões corretas ao iniciar seu processo de renovação e voltará em breve à Liga dos Campeões.

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Luca Toni e Franck Ribéry: duas decisões corretas na reformulação da equipeFoto: AP

Paul Breitner, assessor da direção do Bayern de Munique, disse estar convencido de que o clube será um dos três ou quatro melhores do mundo e que os dirigentes estão seguros de que tomaram as decisões corretas no processo de mudanças iniciado em 2007, quando o Bayern contratou jogadores de renome, como Franck Ribéry, Klose e Luca Toni.

Ele disse ainda que as contratações de jovens jogadores, como Breno e Ernesto Sosa, não significam que o clube mudará sua política de contratações, mas que continuará procurando os jogadores de que necessita.

"Não queremos seguir o mesmo caminho do Arsenal, que compra dezenas de jogadores jovens. Não temos tanto dinheiro nem queremos gastá-lo como eles", afirmou em entrevista exclusiva à DW-WORLD. Mas ele reconheceu que Breno e Sosa são jogadores "para os próximos anos".

Breitner foi um dos mais polêmicos jogadores de futebol da história da Bundesliga. Ele jogou no Bayern de Munique e no Eintracht Braunschweig, tendo defendido também o espanhol Real Madrid. Foi campeão alemão e espanhol, além de campeão do mundo com a seleção alemã em 1974. Também foi vice-campeão em 1982, na Copa da Itália.

DW-WORLD: O senhor e a direção do Bayern de Munique estão satisfeitos com a atual temporada do clube?

DW-TV, Euromaxx, Fragebogen, Breitner, 07.06.2004
Paul Breitner, assessor da direção do Bayern de Munique

Paul Breitner: Estamos muito contentes, especialmente com nossa participação na Copa da UEFA. E somos líderes na Bundesliga, tudo vai bem.

Mas parece que a tranqüilidade nunca reina no clube, sempre há notícias sobre problemas, desentendimentos e discussões…

Não, essas são notícias que não existem nem no clube nem dentro da equipe, quase nunca sabemos de onde vêm essas histórias. O Bayern de Munique é um clube muito interessante e muitas pessoas estão sempre pensando no que poderia ocorrer. Há meses em que não acontece nada, mas para algumas pessoas algo deve acontecer… Temos aprendido a viver com histórias que não existem.

Parece que o clube se prepara para falar muito mais espanhol, a língua materna do novo assistente técnico Martín Vásquez, um idioma que você domina e que Jürgen Klinsmann disse ter aprendido. Vai-se falar mais espanhol a partir de 1º de julho no Bayern?

Não, vamos falar mais alemão e mais inglês, porque temos uma equipe de 25, 26 jogadores de vários países e temos que buscar um idioma que quase todos entendam. Uns 80% dos jogadores entendem ou falam inglês.

Vão escolher o inglês como idioma oficial da equipe?

Temos uma equipe muito internacional e estamos buscando o melhor momento para definir um idioma. Quando acontecem coisas importantes com Franck Ribéry ou com Willy Sagnol, temos que falar francês. Com os brasileiros, temos que nos comunicar em português. Os tempos em que se falava uma única língua, alemão ou um pouco de inglês, já passaram.

O Bayern abandonou o pensamento local para pensar de maneira mais internacional?

BdT Klinsmann in Bayern
Jürgen Klinsmann assumirá o comando da equipe em julhoFoto: AP

Em nenhuma equipe de nível mundial há um pensamento local. Veja o exemplo do Arsenal, que na sua última partida na Liga dos Campeões se apresentou com 11 jogadores estrangeiros. O mesmo acontece com os outros grandes clubes da Inglaterra. Chelsea e Liverpool entram em campo com sete, oito e até nove estrangeiros. Nos campeonatos da Europa central acontece o mesmo. O pensamento local já não existe, acabou há seis ou sete anos.

A propósito dessa internacionalidade, o Bayern parece não ter muita sorte com suas contratações latino-americanas. Para citar apenas alguns exemplos: Julio dos Santos, Roque Santa Cruz ou mesmo Martín Demichelis, que necessitou de cinco ano para render o que se esperava dele…

Não foi um problema deles, mas da sua evolução como jogadores. Martín Demichelis é hoje um grande nome na nossa equipe e na seleção da Argentina. Entre seis, sete ou oito jogadores da América do Sul, há sempre dois que não rendem tanto como se esperava. Mas estamos muito satisfeitos com Zé Roberto e Lúcio e esperamos muito de José Ernesto Sosa. De um modo geral, é um momento muito bom para os nossos jogadores da Argentina e do Brasil.

Aproveitando que você mencionou Sosa, e levando em conta que o clube comprou um outro jogador muito jovem do Brasil, Breno: são eles duas apostas para o futuro?

Claro, não apenas pensamos em comprar jogadores de 27, 28 anos, que já tenham experiência na Bundesliga e no futebol europeu. Temos mudado nosso pensamento e comprado jogadores muito jovens. Por exemplo Sosa. Esperamos muito dele, porque conhecemos seu grande talento, sabemos o que pode render. Ele está encontrando seu ritmo de jogo após uma lesão de quase seis meses, talvez necessite mais alguns meses, mas estamos muito confiantes. O mesmo acontece com Breno, um dos melhores jogadores de sua idade, 18 anos, que eu vi nos últimos 15 anos. São jogadores para o futuro, para a próxima temporada, para os próximos anos.

E um modelo como o do Arsenal, onde a média de idade é muito jovem, menos de 26 anos?

FC Bayern Munich vs. Hansa Rostock
O argentino Ernesto Sosa: aposta para o futuroFoto: AP

Não, não queremos seguir o mesmo caminho do Arsenal, eles compram dezenas de jogadores jovens, dez ou 15 de uma vez. Não temos tanto dinheiro nem queremos gastá-lo como eles. Continuaremos procurando aqueles dois ou três jogadores que necessitamos.

A partir de julho, com a chegada do novo treinador Jürgen Klinsmann, haverá uma grande mudança na equipe ou se seguirá o mesmo caminho de hoje?

Não, fizemos uma grande mudança há 12 meses, começamos a construir uma nova equipe, compramos oito novos jogadores, entre eles Ribéry, Klose, Zé Roberto e Luca Toni. Essa foi uma situação muito especial, agora temos uma equipe definida e não há a necessidade de comprar muitos jogadores, talvez dois ou três.

Mas se fala muito que, com a nova equipe técnica, as coisas serão diferentes no Bayern…

Sinto muito, mas não quero nem posso esclarecer isso. De qualquer forma, até 30 de julho o nosso técnico é Ottmar Hitzfeld e não há necessidade de avaliar outra situação. Nem quero falar sobre o que mudaria na equipe ou no clube com Jürgen Klinsmann. Isso é algo para o futuro.

Mas pode-se dizer que a verdadeira mudança já começou, como você disse, quando se iniciou a reforma da equipe?

Sim.

O que está planejado até o final da temporada?

Ainda não sabemos, mas o Bayern de Munique não tem 70 ou 80 milhões de euros para gastar todos os anos. Já gastamos muito dinheiro nos últimos meses e estamos esperando o que vai acontecer, quantos títulos vamos ganhar. A partir de 1° de julho teremos outro treinador e outra situação. Temos que esperar e ter muita calma. Estamos muito, muito contentes e muito seguros de que o Bayern de Munique voltará aos tempos em que jogava todos os anos na Liga dos Campeões.

Você e a direção do Bayern estão com a consciência tranqüila de terem feito tudo o que é necessário para que o clube regresse às suas épocas gloriosas?

Estamos muito tranqüilos e muito seguros de que tudo dará certo no final. Pessoalmente, estou certo de que o Bayern será um das três ou quatro melhores equipes do mundo.