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Parlamento alemão rejeita vacinação obrigatória para idosos

7 de abril de 2022

Projeto que previa vacinação compulsória para pessoas acima de 60 anos não alcançou maioria simples no Bundestag, esbarrando na resistência de deputados conservadores e liberais. Ministro da Saúde lamenta decisão

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Bundestag
Debate sobre a vacinação obrigatória no Plenário do Bundestag. Projeto não recebeu apoio de conservadores, liberais e membros da ultradireitaFoto: Michael Kappeler/dpa/picture alliance

A obrigatoriedade de vacinação contra o coronavírus para pessoas acima dos 60 anos na Alemanha foi rejeitada pela maioria dos deputados do Bundestag (Parlamento alemão) nesta quinta-feira (07/04).

A proposta não recebeu a maioria simples necessária para aprovação: 378 deputados votaram contra o projeto, enquanto 296 manifestaram-se a favor. Houve ainda nove abstenções.

O projeto era apoiado pelo chanceler federal , Olaf Scholz, e pelo ministro da Saúde, Karl Lauterbach.

Desta forma, a Alemanha continuará sem obrigatoriedade de vacinação para a população, exceto para quem trabalha nos serviços de saúde, medida que está em vigor desde março.

Nesta semana, uma proposta para tornar obrigatória a imunização contra o coronavírus na população entre 18 e 49 anos também já havia sido abandonada – não foi nem levada à votação em Plenário.

Cerca de 76% dos alemães receberam duas doses da vacina contra a covid-19, enquanto cerca de 59% receberam o reforço.

Uma pesquisa de opinião recente revelou que 60% dos alemães são a favor da vacinação obrigatória.

O chanceler alemão Olaf Scholz está depositando seu voto em uma urna. Ele é observado por uma mulher.
Projeto de vacinação obrigatória para quem tem mais de 60 anos era apoiado pelo chanceler federal alemão, Olaf Scholz.Foto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance

Discussões

Discussões acaloradas marcaram a votação nesta quinta-feira no Bundestag. A vice-presidente dos social-democratas (SPD), Dagmar Schmidt, argumentou que a intenção do projeto seria proteger a infraestrutura e o sistema de saúde.

"O vírus não irá simplesmente desaparecer. Temos agora a chance de evitar novas medidas [restritivas] a partir do outono", disse Schmidt.

"Hoje é um dia decisivo", declarou Lauterbach, afirmando que uma maior taxa de vacinação tende a evitar novas restrições e lockdowns no futuro.

Especialista em saúde, o deputado Janosch Dahmen, dos Verdes, partido que faz parte da coalizão de governo, afirmou que "a prevenção por meio da vacinação compulsória iria nos tirar desta pandemia".

Na oposição ao projeto, a União Democrata Cristã (CDU) argumentou que pelo fato de os casos estarem ocorrendo em todo o país, não seria necessário tornar a vacinação obrigatória. O deputado conservador Tino Sorge argumentou que os hospitais e UTIs do país não estão sobrecarregados no momento e que uma obrigatoriedade com as atuais vacinas não teria efeito se surgirem possíveis novas variantes resistentes no próximo outono.  

Wolfgang Kubicki, do Partido Liberal-Democrático (FDP), também se manifestou contra a obrigatoriedade vacinal, embora sua sigla faça parte do governo Scholz. Ele argumentou que as vacinas "não nos ajudariam a alcançar uma imunidade de rebanho".

"Não é tarefa desta Casa proteger os adultos contra suas próprias decisões", disse.

Já a líder parlamentar da legenda de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, disse que a vacinação obrigatória não era "somente hostil à constituição, mas uma medida totalitária".

A Associação de Hospitais Alemães (DKG) reagiu à votação com decepção. "No final do dia, estamos agora diante de uma pilha de escombros, pela qual todas as partes compartilham a responsabilidade", disse o chefe do DKG, Gerald Gass.

O ministro da Saúde, Karl Lauterbach, membro do Partido Social Democrata (SPD) também lamentou que o projeto tenha sido rejeitado.

"É uma decisão muito importante, porque agora a luta contra o vírus no outono se tornou muito mais difícil. Procurar culpados na política não ajuda. Devemos seguir em frente", escreveu Lauterbach em sua conta no Twitter.

Debates sobre restrições

A discussão sobre a vacinação compulsória na Alemanha ganhou mais força no último inverno e ocorreu um dia após o ministro Karl Lauterbach, desistir de abolir a quarentena obrigatória para infectados por coronavírus. O plano era encerrar o isolamento obrigatório a partir de 1º de maio.

Atualmente, a quarentena na Alemanha para pessoas infectadas com o coronavírus é de 10 dias, podendo ser reduzida para sete dias com um teste negativo. No entanto, futuramente, o período de quarentena para infectados deverá ser reduzido para cinco dias, disse Lauterbach à emissora pública de televisão alemã ZDF.

A Alemanha vem reduzindo gradualmente as restrições para conter a pandemia de covid-19. Atualmente, em alguns estados, já não é obrigatório o uso de máscara em estabelecimentos comerciais – embora continue sendo recomendado.

Os níveis de infecção estão caindo, mas ainda seguem altos. Nesta quinta-feira, foram contabilizados 201.729 novos casos nas últimas 24 horas, 13 mil a menos do que na quarta-feira, fazendo com que a incidência de sete dias fosse reduzida para 1.251,3.

gb (dpa, Reuters, ots)