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Paquistanesa perseguida quer ir para Alemanha

11 de novembro de 2018

Governo alemão se diz disposto a receber cristã Asia Bibi, que foi absolvida da pena de morte após oito anos presa por blasfêmia contra o profeta Maomé. Ela está em seu país, em lugar não revelado.

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Militantes muçulmanos levantam os braços ao lado de faixa pedindo enforcamento de Asia Bibi, com o rosto da cristã envolvido por uma corda
Militantes muçulmanos promovem frequentes protestos pedindo execução da cristã Asia BibiFoto: Getty Images/AFP/A. Hassan

Depois de sua libertação da prisão, esta semana, a cristã paquistanesa Asia Bibi afirmou que quer deixar o Paquistão e ir para a Alemanha com a sua família, segundo disse o advogado dela, em entrevista publicada neste domingo (11/11) pelo jornal Bild am Sonntag (BamS).

Bibi foi condenada à morte há oito anos por "blasfêmia" e, desde então, esteve presa, tendo sido libertadana quarta-feira passada. Embora a Suprema Corte tenha revogado a sentença de morte no final de outubro, ela ainda não conseguiu deixar sua terra natal após protestos de militantes islâmicos. O governo afirmou que, após deixar a cadeia, Bibi foi levada sob forte esquema de segurança a um lugar desconhecido dentro do país.

O advogado de Bibi, Saif-ul-Malook, afirmou que sua cliente "ficaria feliz se pudesse viajar para a Alemanha com sua família". Malook, que fugiu para a Holanda por temer por sua vida, diz torcer para que ela consiga sair logo do Paquistão. "Não há exigências legais para a minha cliente, ela pode ir para onde quiser, mas o tempo está se esgotando", disse.

Segundo o BamS, a Alemanha está disposta a acolher Bibi e sua família, sob determinadas condições. "Estamos em diálogo com o governo do Paquistão e nossos parceiros, e a proteção de Asia Bibi e sua família é prioridade para nós", comunicou o Ministério do Exterior alemão. O órgão ressaltou que vários países europeus estão dispostos a receber a família caso ela possa sair do Paquistão. "Claro, isso também inclui a Alemanha", frisou o ministério.

A cristã Asia Bibi foi indiciada em 2009, acusada por um imã de insultar o profeta Maomé durante uma briga com vizinhas muçulmanas por causa de um copo de água, sendo condenada à morte no ano seguinte.

O caso provocou indignação internacional, atraindo a atenção dos papas Bento 16 e Francisco, mas no Paquistão tornou-se uma causa para os grupos e partidos islâmicos e provocou pelo menos dois assassinatos.

A dura lei contra a blasfêmia no Paquistão foi estabelecida na era colonial britânica para evitar confrontos religiosos, mas, na década de 1980, várias reformas patrocinadas pelo ditador Muhammad Zia-ul-Haq favoreceram o abuso da lei.

Desde então foram registradas mil acusações por blasfêmia, um delito que, no Paquistão, pode levar à pena de morte, embora ninguém jamais tenha sido executado oficialmente por esse crime.

Segundo estimativas, cerca de 40 pessoas se encontram presas, sentenciadas à prisão perpétua ou à pena de more por causa de acusações similares. A blasfêmia também tem sido repetidamente motivo de assassinatos por linchamento no país.

MD/afp/dpa/epd

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