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Paquistão afirma ter abatido dois caças indianos na Caxemira

27 de fevereiro de 2019

Tensões se acirram após ataques aéreos da Índia, na véspera, contra alvos na região da Caxemira controlada pelo Paquistão. Forças Armadas paquistanesas afirmam que caças abatidos invadiram seu espaço aéreo.

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Aeronave indiana que caiu na região da Caxemira e que o Paquistão afirma ter abatidoFoto: picture-alliance/dpa/AP/M. Khan

A força aérea do Paquistão afirmou nesta quarta-feira (27/02) que abateu duas aeronaves militares da Índia que haviam cruzado a fronteira entre os dois países na região da Caxemira e que capturou dois pilotos indianos, elevando ainda mais a tensão entre as duas potências nucleares. A Índia executara ataques aéreos em território do Paquistão na véspera.

O porta-voz das Forças Armadas do Paquistão, Major General Asif Ghafoor, disse que soldados capturaram dois pilotos de uma das aeronaves que caiu em solo paquistanês na Caxemira. A outra aeronave teria caído no lado indiano dessa região, que é disputada pelos dois países desde 1947.

Pouco depois, a Índia afirmou que "perdeu" um caça Mig-21 num combate com aeronaves paquistanesas na região indiana da Caxemira e que o piloto está desaparecido. O Ministério do Exterior da Índia acrescentou que uma aeronave paquistanesa também foi abatida, o que o Paquistão negou.

O tráfego aéreo civil foi interrompido nos aeroportos de Srinagar, Jammu e Leh, do lado indiano da região, pouco após a queda do jato, como medida preventiva. O Paquistão suspendeu todos os voos comerciais.

Ghafoor observou que os caças indianos abatidos violaram o espaço aéreo paquistanês depois de o Paquistão ter realizado bombardeios em território indiano.

O Ministério do Exterior paquistanês confirmou que seus caças atingiram território indiano, "sem causar perdas humanas ou materiais", para demonstrar a capacidade de defesa do país. "A Força Aérea do Paquistão realizou bombardeios através da Linha de Controle (LoC, fronteira de facto na Caxemira), a partir do espaço aéreo paquistanês", afirmou o ministério.

A chancelaria explicou "não se tratar de uma vingança" e que o ataque esteve dirigido contra "alvos não militares, evitando perdas humanas e efeitos colaterais". "O único objetivo era demonstrar nosso direito, vontade e capacidade de autodefesa", segundo a nota, que acusou a Índia de "cometer atos de terrorismo" no seu território.

O Paquistão afirmou não ter intenção de acirrar o conflito, mas que está "totalmente preparado para fazê-lo se for forçado a esse paradigma. Foi por isso que tomamos essas medidas como forma de claro alerta e em plena luz do dia".

As tensões entre as potências nucleares aumentaram após um ataque suicida com um carro-bomba ter matado ao menos 40 membros da polícia paramilitar indiana na Caxemira em 14 de fevereiro. A autoria do ataque, o mais mortal do tipo desde o início da insurgência na Caxemira, em 1989, foi assumida pelo grupo Jaish-e-Mohammad (JeM).

A região da Caxemira é divida entre ambos o países, mas reivindicada tanto por Índia quanto Paquistão em sua totalidade.

Na terça-feira, a Índia executou ataques aéreos em território do Paquistão que tinham como alvo um campo de treinamento do JeM, movida por suspeitas de que a organização planejava ataques suicidas iminentes na Índia, e afirmou que inúmeros militantes foram mortos. O Paquistão confirmou o ataque, mas afirmou que não houve danos.

Moradores da região de fronteira na Caxemira, conhecida como Linha de Controle, relataram troca de tiros entre os dois lados durante a noite. Residentes tanto do lado paquistanês quanto do indiano fugiram em busca de proteção após os tiroteios, que começaram na terça-feira e se estenderam ao longo desta quarta-feira. Ao menos cinco soldados indianos ficaram feridos.

"Até o momento não há vítimas [civis], mas há pânico entre as pessoas", disse Rahul Yadav, vice-comissário do distrito de Poonch. No lado paquistanês, autoridades relataram a morte de seis civis, incluindo crianças, na vila de Kotli, e afirmaram que várias pessoas ficaram feridas.

O Paquistão e a Índia já lutaram três guerras após a independência da Inglaterra em 1947 e quase entraram em um quarto conflito em 2002 após um ataque de militantes paquistaneses contra o Parlamento da Índia.

Reagindo à escalada do conflito, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, pediu aos ministros do Exterior de ambos os países que "pratiquem a contenção e evitem a escalada do conflito a qualquer custo", disse em comunicado. "Também encorajo os dois ministros a priorizar a comunicação direta e evitar novas atividades militares", afirmou.

China e União Europeia também pediram que novas atividades militares sejam evitadas.

No Afeganistão, o Talibã pediu o fim da violência e afirmou que uma escalada do conflito afetaria o processo de paz afegão.

PJ/rtr/ap/dpa/efe

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