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Religião

Papa Francisco lava os pés de detentos em Roma

30 de março de 2018

Celebrações de Páscoa têm início com Santa Missa e ritual tradicional de lava-pés, que incluiu muçulmanos, um cristão ortodoxo e um budista. Em discurso, pontífice critica pena de morte: "Não é humana nem cristã".

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Detentos de vários países e diferentes religiões foram escolhidos para o ritual
Detentos de vários países e diferentes religiões foram escolhidos para o ritualFoto: Reuters/Osservatore Romano

O papa Francisco deu início às celebrações de Páscoa nesta quinta-feira (29/03) com uma visita a um presídio em Roma. No local, ele lavou e beijou os pés de 12 detentos – entre eles homens de outras religiões –, realizando mais uma vez o tradicional ritual da Quinta-feira Santa em uma prisão.

A visita ocorreu no presídio Regina Coeli, no centro da capital italiana. Após um breve encontro privado com alguns detentos enfermos, o pontífice celebrou a Santa Missa e falou sobre a humildade de Jesus exemplificada pelo ritual de lava-pés.

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Segundo Francisco, o sentimento de humildade é essencial também entre os líderes mundiais. Muitas guerras poderiam ter sido evitadas em todo o mundo se mais líderes tivessem se considerado servos do povo, em vez de seus comandantes, afirmou o pontífice.

Ele também fez um discurso exaltado contra a pena de morte, afirmando que uma "punição que não está aberta à esperança não pode ser considerada cristã ou humana". "Todo castigo deve estar aberto ao horizonte da esperança. Por isso, a pena de morte não é nem humana nem cristã."

Desde que foi escolhido papa, em 2013, Francisco defendeu diversas vezes a abolição mundial da pena de morte, arrancando críticas de conservadores católicos, em especial nos Estados Unidos. A Igreja Católica apoiou a pena capital em casos extremos durante séculos, um posicionamento que começou a mudar no papado de João Paulo 2º, morto em 2005.

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Rito de lava-pés é raramente fotografadoFoto: Reuters/Osservatore Romano

Quebra de protocolos

Os 12 detentos que participaram do rito de lava-pés nesta quinta-feira eram nacionais de diferentes países: além da Itália, vieram também da Colômbia, Filipinas, Marrocos, Moldávia e Serra Leoa. Entre eles havia oito católicos, dois muçulmanos, um cristão ortodoxo e um budista.

De acordo com a tradição cristã, Jesus lavou os pés de seus 12 apóstolos na quinta-feira antes da Páscoa. O ritual foi repetido por alguns papas, que costumavam marcar o fim da quaresma na Basílica de São João de Latrão lavando os pés apenas de sacerdotes. A cerimônia era ainda limitada aos homens, já que todos os apóstolos de Jesus eram do sexo masculino.

Francisco não foi o primeiro papa a lavar os pés de desamparados – João Paulo 2º frequentemente o fazia em órfãos e sem-teto –, mas quebrou precedentes em 2013 ao realizar o ritual fora dos limites do Vaticano. Naquele ano, ele lavou e beijou os pés de 12 internos em uma prisão juvenil em Roma.

O pontífice argentino ainda foi o primeiro a beijar e lavar os pés de mulheres e pessoas não católicas na Quinta-feira Santa. Em relação à quebra de protocolos, este ano não podia ser diferente: ao contrário do ano passado, quando Francisco entrou sem câmeras na casa de reclusão de Paliano, no sul de Roma, dessa vez ele permitiu que o ritual fosse fotografado.

EK/afp/rtr/lusa/dw

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