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Papa abre caminho para beatificação de arcebispo salvadorenho

19 de agosto de 2014

Considerado um dos grandes nomes da Teologia da Libertação, Oscar Romero foi assassinado em 1980 enquanto celebrava uma missa. Ele criticava a repressão das Forças Armadas em El Salvador e denunciava esquadrões da morte.

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Oscar Romero celebrando uma missa dois meses antes de sua morte, em 1980Foto: picture-alliance/AP Photo

O papa abriu caminho para o processo de beatificação de Oscar Romero, arcebispo salvadorenho assassinado em 1980 durante uma missa. Nesta segunda-feira (18/08), Francisco afirmou não haver mais "problema doutrinal" impedindo o andamento do processo do religioso latino, um dos grandes nomes do movimento da Teologia da Libertação na América Latina.

Romero criticava a repressão das Forças Armadas de El Salvador ainda no início da guerra civil (1980-1992), travada entre o governo de direita e rebeldes de esquerda. O arcebispo também denunciou esquadrões da morte de direita no país e a opressão aos pobres e desprotegidos no país. Em seus discursos, o religioso costumava pedir o fim da violência política.

Durante seu voo de volta da Coreia do Sul, Francisco disse a jornalistas que o processo de beatificação de Oscar Romero havia recebido um "bloqueio por prudência" pela Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, mas que agora o caso estava "desbloqueado".

"Para mim, Romero é um homem de Deus", afirmou o pontífice. "O processo tem que continuar, e o Senhor deverá nos dar um sinal. Os postuladores têm que trabalhar, pois não há algum impedimento."

"Marxismo excessivo"

A Teologia da Libertação havia sido reprimida pela Igreja Católica por seu considerado "marxismo excessivo". O movimento defende a visão de que os ensinamentos de Jesus Cristo sugerem que seus seguidores devem lutar por justiça econômica e social.

O papa demonstrou ainda interesse em expandir a concepção de mártir para a Igreja. Diferentemente dos candidatos regulares à beatificação, os mártires podem concluir a primeira etapa da santificação sem que haja milagres atribuídos à sua intercessão. Para a canonização, no entanto, é necessária a apresentação de um milagre.

Tradicionalmente, a Igreja restringe a designação de mártir a pessoas que foram mortas por ódio à fé cristã. Francisco teria pedido que teólogos avaliassem se aqueles que foram mortos por estarem trabalhando na obra de Deus também podem ser considerados mártires.

Romero foi assassinado no dia 24 de março de 1980, enquanto celebrava uma missa na capela de um hospital para doentes de câncer de São Salvador. Até hoje, ninguém foi preso pelo crime. Cerca de 75 mil pessoas foram mortas durante a guerra civil de El Salvador, que terminou em 1992 com um acordo de paz mediado pelas Nações Unidas.

MSB/ap/rv