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"Panama Papers" revelam negócios obscuros no mundo das artes

8 de abril de 2016

Escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, no centro do megavazamento, teria envolvimento na ocultação de obras de arte desaparecidas, como um Modigliani roubado pelos nazistas.

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Site da Mossack Fonseca
Foto: picture-alliance/dpa/J.Pelaez

Novas revelações dos Panama Papers divulgadas nesta quinta-feira (07/08) sugerem o envolvimento do escritório panamenho de advocacia e consultoria Mossack Fonseca em operações obscuras no mercado de arte.

As denúncias incluiriam obras desaparecidas de artistas renomados como Van Gogh, Picasso e Rembrandt, que teriam sua propriedade questionada em disputas judiciais ainda em andamento.

O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) – que liderou a investigação dos Panama Papers ao lado do jornal alemão Süddeutsche Zeitung – revelou que a pintura do artista italiano Amedeo Modigliani Homem sentado, com Bengala, supostamente roubada pelos nazistas, estaria em posse da família de colecionadores de arte Nahmad, uma das mais poderosas do ramo.

A obra, avaliada em até 25 milhões de dólares, está desaparecida há décadas, enquanto o neto do negociante de arte judeu que teve a obra confiscada, seu herdeiro legítimo, luta para reaver a posse do quadro. Uma investigação privada deu pistas de que a obra de Modigliani estaria de posse dos Nahmad, que a teriam adquirido durante um leilão em 1996.

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Durante o litígio, a família, de origem sírio-libanesa, negou possuir o quadro. Agora, porém, os Panama Papers revelariam que os Nahmad teriam o controle sobre a empresa offshore International Art Center, que seria a atual proprietária da pintura.

Documentos da Mossack Fonseca comprovariam que David Nahmad, o membro mais conhecido da família, seria, desde 2014, o único dono da International Art Center, controlada pelos Nahmad durante 20 anos.

Anonimato e comportamento duvidoso

O caso seria um exemplo do envolvimento da firma panamenha no pouco regulamentado mercado das artes. Segundo o ICIJ, nesse ramo, "o anonimato é frequentemente utilizado para proteger todo tipo de comportamento duvidoso".

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Os documentos da Mossack Fonseca também mencionam a família grega Goulandris, alvo de batalhas jurídicas referentes ao paradeiro de 83 obras de arte.

Outros nomes relacionados ao mercado de arte que aparecem nos Panama Papers são os de Marina Ruíz Picasso, neta do pintor espanhol Pablo Picasso, além do magnata chinês Wang Zhongjun e da família Thyssen-Bornemisza, proprietária de um museu em Madri.

A firma panamenha Mossack Fonseca se tornou o centro de um escândalo internacional após o vazamento dos chamados Panama Papers. Os documentos contêm dados sobre políticos e celebridades de diversos países que, supostamente, utilizariam paraísos fiscais para sonegar impostos através de empresas de fachada.

RC/efe/ots