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Oposição denuncia tortura e morte de militar venezuelano

30 de junho de 2019

Guaidó e outros oposicionistas afirmam que capitão não conseguia se mexer nem ouvir bem ao comparecer a tribunal sob acusação de envolvimento em plano para derrubar presidente. Governo anuncia investigação sobre a morte.

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Juan Guaidó denunciou em sua conta no Twitter a morte do capitão Rafael Acosta Arévalo
Juan Guaidó denunciou em sua conta no Twitter a morte do capitão Rafael Acosta ArévaloFoto: Juan Guaido/Twitter

Um militar detido na Venezuela, sob a acusação de envolvimento num suposto plano de golpe de Estado e assassinato do presidente Nicolás Maduro, morreu em consequência de tortura, denunciaram neste sábado (29/06) membros da oposição, a esposa da vítima e ativistas de direitos humanos.

"Confirmamos o assassinato do capitão de corveta Rafael Acosta Arévalo [...], que foi torturado de maneira selvagem e brutal", disse o líder oposicionista e autoproclamado presidente interino do país Juan Guaidó, em vídeo divulgado no Instagram e no Twitter.

Sem responder às denúncias de tortura, o procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, prometeu uma investigação "objetiva, independente e imparcial" sobre a morte do capitão, um dos 13 detidos nos últimos dias após a denúncia do suposto plano para derrubar Maduro.

Em comunicado, o governo Madurou afirmou que o próprio presidente pediu a Saab "uma completa e exaustiva investigação que esclareça esta morte", que classificou de "lamentável".

"Esperamos que a atuação rápida do Ministério Público proporcione resposta rápida ao pedido feito pelo presidente [...] em prol de preservar a paz e o bom desenvolvimento da justiça", diz o comunicado.

De acordo com informações da imprensa venezuelana, Arévalo foi detido por funcionários da Direção Geral de Contrainteligência Militar (DGCIM), sem que fossem explicados imediatamente os motivos da ação.

A advogada e defensora dos Direitos Humanos, Tamara Suju, exilada na República Tcheca, Arévalo compareceu a um tribunal militar na última sexta-feira com "graves sinais de torturas" e "não entendia nem ouvia bem". "Pediram que se levantasse, mas não se podia mexer", disse a ativista, segundo a quela o juiz ordenou, então, que o militar fosse levado a um hospital, onde ele morreu.

O ex-presidente do Parlamento, Julio Borges, exilado na Colômbia, acusou a Direção Geral de Contrainteligência Militar pelo ocorrido e a Maduro de transformar o órgão num "sistema de torturas contra os militares" que se rebelam.

A esposa de Arévalo, Waleswka Pérez, lamentou que na Venezuela "a integridade de uma pessoa não valha nada".

Forte crítico de Maduro, o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, condenou o "assassinato criminoso" do militar, afirmando que trabalhará para que haja justiça.

Guaidó pediu aos militares do país – cuja cúpula frequentemente expressa lealdade a Maduro – que não permaneçam indiferentes diante do ocorrido.

"Não é a primeira vez que denunciamos esse tipo de fato na Venezuela", disse Guaidó, lembrando a morte do vereador da oposição Fernando Albán, em 8 de outubro do ano passado, depois de ser preso pela explosão de dois drones carregados de explosivos em um desfile militar presidido por Maduro. O governo alega que o político se suicidou.

"Família militar: não estão sozinhos. Ditadura assassina, criminosa e torturadora: isso não ficará assim", escreveu Guaidó no Twitter. O líder da oposição convocou novos protestos contra o governo para o dia 5 de julho. Ele anunciou que levará à alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michel Bachellet, que visitou o país na semana passada.

Apesar de anunciar uma investigação sobre a morte, o governo reiterou a alegação de que Arévalo fez parte de um grupo de militares que conspirou contra Maduro. "Não são hipóteses, são evidências", afirmou o ministro da Comunicação e Informação, Jorge Rodríguez. Segundo comunicado emitido pelo governo, o militar foi acusado de "graves atos de terrorismo, sedição e assassinato em grau de frustração".

Em 13 de junho, a ONG Foro Penal Venezuelana registava 773 presos políticos na Venezuela, dos quais 667 são civis e 196 militares, 772 são adultos e um adolescente (com menos de 18 anos), 717 são homens e 56 são mulheres.

LPF/afp/efe/lusa/ap

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