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Opinião: Uma nova chance para a paz no Oriente Médio

30 de novembro de 2012

O reconhecimento da Palestina como Estado observador não membro na ONU foi uma decisão sábia, que incentivará a paz e a estabilidade na região, afirma o especialista em Oriente Médio da DW Kersten Knipp.

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Foi um resultado claro: 138 dos 193 membros das Nações Unidas apoiaram o pedido feito pelos palestinos de conceder a eles o status de Estado observador. O que significa uma maioria de 138 entre 193? Um triunfo para os palestinos que humilha internacionalmente o adversário? Uma derrota para Israel que deve ser desfeita a qualquer preço? Tais conclusões foram tiradas de ambos lados, tanto do israelense quanto do palestino.

É questionável se conclusões como essas levam a algum lugar. A decisão também pode ser descrita em termos completamente diferentes, por exemplo como uma grande oportunidade de finalmente obter relações estáveis e pacíficas na região. E esse é um desafio principalmente para Israel.

Deutsche Welle Nahost Kersten Knipp Kommentar
Kersten Knipp, especialista em Oriente Médio da DWFoto: DW

Muitos israelenses têm reservas quanto ao desejo de paz pelos palestinos, reservas que são alimentadas vigorosamente por comentaristas de parte da imprensa local. O historiador Shlomo Slonim escreveu no jornal The Jerusalem Post que o pedido dos palestinos almeja nada menos que a destruição de Israel. "A meta de Abbas não é, claro, a criação de um Estado palestino pacífico que conviva ao lado de Israel, mas sim que substitua Israel." A opção pela Assembleia Geral da ONU nada mais é do que uma forma insidiosa de continuar a guerra por meios legais, opinou.

Tais preocupações são difíceis de entender. Pois, com o novo status, a liderança palestina também assume responsabilidades. Ela se submete ainda mais às estruturas internacionais, é ainda mais obrigada a observar as regras diplomáticas. Também aqui se aplica a velha máxima segundo a qual seguir o caminho das instituições modifica mais aquele que opta por esse caminho do que as instituições.

Também no que diz respeito à sua política de assentamentos, Israel não deveria ter motivos para se preocupar. Pois se os palestinos, devido ao seu novo status, levarem a questão para o Tribunal Penal Internacional de Haia, Israel terá uma grande oportunidade de ver confirmada sua visão sobre a legalidade dos assentamentos. Se ficar comprovado que a construção dos assentamentos viola o direito internacional, então não há nada que impeça essa política de ser julgada em Haia. Justiça só é Justiça se ela vale para todos.

A Alemanha teve dificuldades para tomar uma decisão. Abstendo-se de votar, o país mostrou que não estava disposto a assumir a posição de Israel, que se opôs veementemente ao pedido. É verdade que Berlim expressou dúvidas de "que o passo ambicionado pelos palestinos nesse momento possa ser útil ao processo de paz ", como ressaltou o ministro do Exterior, Guido Westerwelle. Mas é também certo que a medida vai, em um ponto central, ao encontro da concepção alemã para solucionar o conflito: ao final, dois Estados devem coexistir.

A posição também mostra que Berlim sabe exatamente como a decisão alemã será recebida em Ramallah e em grande parte do mundo árabe. Há uma semana, israelenses e palestinos terminaram um conflito bélico breve, porém sangrento, em que mais de 150 pessoas morreram. Agora, nas Nações Unidas, o epicentro mundial da diplomacia, quase 200 países decidiram sobre o status dos territórios palestinos e, portanto, pelo menos em parte, sobre o aspecto mais amplo do conflito. Este está sendo institucionalizado e internacionalizado, em conformidade com as práticas políticas comuns nas últimas décadas. Se a Alemanha não tivesse optado pela abstenção, mas votado contra a decisão, seu gesto encontraria pouca compreensão no mundo árabe.

Autor: Kersten Knipp (md)
Revisão: Alexandre Schossler