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Opinião: Helmut Kohl foi um grande estadista

Alexander Kudascheff
16 de junho de 2017

Chanceler federal defendeu tanto a reunificação de seu país como a integração europeia, e isso fez dele uma personalidade especialmente respeitada e valorizada no exterior, opina Alexander Kudascheff.

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Helmut Kohl zu Arbeitsbesuch im Kaukasus
Kohl com Gorbatchov em julho de 1990 no CáucasoFoto: picture-alliance/dpa

Helmut Kohl foi o chanceler da unidade alemã e também europeia. Ele ocupou o cargo de chanceler federal alemão por 16 anos, e durante um quarto de século foi presidente da União Democrata Cristã (CDU) – só isso já mostra uma perseverança incrível, uma influência estupenda, uma vontade de aço pelo poder, mas também sorte democrática nas eleições. Kohl foi eleito chanceler quatro vezes, um impressionante desempenho político.

Como aparentemente eterno líder da CDU, seu faro para mudanças em suas próprias fileiras e sua desconfiança em relação a correntes críticas eram lendários. Aliás, quando em nome da sobrevivência política ele lutou para ser presidente do partido, em 1989, o fim da Cortina de Ferro veio em sua ajuda. E Kohl aproveitou, para si e pela Alemanha, a oportunidade que surgiu com a queda dos regimes comunistas. Ele fez história. Ele aproveitou a janela da oportunidade histórica. Naqueles meses, Kohl se tornou um estadista.

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Sem dúvida, Kohl é o chanceler da unidade alemã. Ele foi o político que passou por cima de hesitações, medos, reservas internas e externas – e que, em novembro de 1989, almejou a unidade alemã e a realizou, finalmente, em 3 de outubro de 1990. Ele mostrou instinto político e histórico naquele momento. Por isso algumas pessoas o consideram o Bismarck do século 20.

Kohl não foi apenas um patriota alemão que proveitou a dádiva da mudança histórica na Europa Oriental. O chanceler foi também um europeu convicto. Um político que, durante 16 anos, e em incontáveis cúpulas europeias, esteve sempre pronto a promover a unidade. Isso se aplicou à velha Comunidade Europeia, à emergente União Europeia e às perspectivas de adesão dos países da Europa Central e Oriental, o que se realizou somente em 2004.

Mas o que torna crucial sua posição como estadista europeu foi o fato de Kohl ter sido cofundador da moeda comum, o euro. Porque, ao pensar em termos históricos, ele percebeu que apenas uma moeda comum e o fim do forte marco alemão poderiam ajudar a superar ressentimentos na França, no Reino Unido e em outros países da UE. Uma decisão correta, que tornou a unificação do velho continente irreversível.

Kohl foi um estadista. Foi um político que defendia tanto a reunificação alemã como a unificação europeia. Um homem cuja personalidade não se deixava abalar, que reconhecia e realizava o que era certo. Isso fez dele, independentemente de muitas críticas atuais na Alemanha, um político especialmente respeitado e valorizado no exterior.

O jornalista Alexander Kudascheff é ex-editor chefe da Deutsche Welle.