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Opinião: Desafio de Trump é unir partido dividido

4 de maio de 2016

Magnata alcançou sua primeira meta e está a um passo de se tornar o candidato à presidência dos republicanos. Agora ele terá que mostrar que também pode ser estadista e diplomata, opina o jornalista Miodrag Soric.

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Miodrag Soric é correspondente da DW em Washington
Miodrag Soric é correspondente da DW em Washington

No final, a vitória veio com uma rapidez que surpreendeu até mesmo Donald Trump. Após o magnata de 69 anos ter vencido as primárias em Indiana, seu principal rival, o senador Ted Cruz, desistiu. Ele anunciou sua retirada, mas não dedicou uma palavra sequer a Trump. Cruz está ferido, amargurado. Afinal, Trump não só o agrediu pessoalmente durante a campanha, mas também atingiu sua família.

Não é a primeira vez que Trump faz de adversários políticos inimigos. Nos próximos meses, ele deveria temer a vingança deles, tomar cuidado para que eles não falem mal dele, não fiquem ressentidos.Pois Trump é agora candidato quase certo do Partido Republicano para a eleição presidencial em novembro.

Sua primeira tarefa é agora reunir o partido dividido. Falar é fácil, fazer é que é o problema. Mas Trump, com seu discurso de vitória, tentou um começo, tentando fazer os ataques dos últimos meses serem esquecidos. Três vezes ele elogiou o derrotado Cruz, várias vezes o establishment republicano, que sempre havia criticado em seus discursos. E atacou Hillary Clinton. Sobretudo a rivalidade a ela, provável candidata presidencial dos democratas, une os republicanos.

A campanha eleitoral dos EUA já dura cerca de dez meses. E, pelo menos entre os republicanos, tem ocorrido de forma muito diferente do que previam os maiores especialistas. Ninguém esperava em meados do ano passado uma vitória de Donald Trump. Afinal, o campo republicano dos candidatos tinha grandes nomes. Entre eles, governadores e senadores experientes, políticos que tinham um caixa de campanha bem abastecido, o apoio da liderança do partido e da elite política do país.

Mas Trump prevaleceu entre o eleitorado. Um intruso, alguém que nunca teve um cargo público. Um bilionário do ramo imobiliário e estrela de reality shows. Os eleitores querem tudo, menos políticos.

As mensagens de Trump sobre as elites corruptas surtiram efeito. Sua acusação de que Washington é culpada pelo declínio econômico da classe média também. Trump fala a língua do homem comum. Ele fala de improviso, seus seguidores acreditam. Ou melhor, eles querem acreditar nele. Já Hillary pode ter uma cabeça cheia de fatos e números sobre a grande política, mas precisa de um teleprompter para um breve discurso. Quase ninguém é tecnicamente tão bem preparado para o trabalho na Casa Branca como ela. Mas Hillary tem um problema de credibilidade. Os americanos não gostam dela. Ela não tem – ao contrário do marido – um talento político natural.

A partir de agora, Trump e os republicanos são dependentes um do outro. Será interessante observar como o barulhento Trump se transforma em um estadista; como ele vai abordar os eleitores do sexo feminino, onde ele tem rejeição de 70%. O que Trump prometerá a latinos e afro-americanos para que eles pelo menos o rejeitem menos do que até agora? Empregos? Mais dinheiro para a educação? A campanha eleitoral americana continua emocionante.