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Cúpula do clima

16 de novembro de 2009

Para Henrik Böhme, um novo acordo mundial de proteção climática não deverá ser ratificado na cúpula da ONU sobre mudanças climáticas em Copenhague. E o exemplo do Brasil é uma das poucas esperanças de otimismo.

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Quando um grupo de chefes de Estado e de governo de países responsáveis por mais da metade da emissão de gases do efeito estufa se reúne e, no final, não é capaz de chegar a um consenso quanto a uma meta de proteção climática, então fica claro: a salvação do mundo tem de ser adiada mais uma vez. A grande cúpula de Copenhague será agora apenas um ponto de passagem para um imenso séquito que, sem êxito, há anos se esforça em elaborar um novo acordo mundial sobre o clima. Nada disso é surpresa.

Alguns pontos devem ser registrados: o visionário Barack Obama finalmente caiu na realidade. E, com ele, todos os defensores da proteção climática, que nele viam um novo redentor. Pois, se a delegação norte-americana viajar a Copenhague com boas intenções, mas de mãos vazias – já que as novas leis sobre o clima não contam com maioria política em Washington –, então nada acontecerá na capital dinamarquesa.

Indianos e chineses terão sempre os melhores trunfos na mesa de negociações: eles querem primeiro crescimento e bem-estar, e só depois compromissos com o clima. Embora seja preciso reconhecer que Pequim, mesmo sem ter assinado nenhum acordo, já faz mais que muitos outros governos para proteger o meio ambiente. Pois notaram que também eles já destruiram demais o meio ambiente.

Também é preciso ressaltar que o roadmap alinhavado sob condições dramáticas na conferência sobre o clima em Bali, há dois anos, fracassou. Pois as muitas conferências realizadas nos últimos dois anos não conseguiram aproximar as posições absolutamente divergentes.

Negociações sobre a proteção climática são sempre negociações sobre um mundo mais justo: os países pobres, que nenhuma responsabilidade têm pelas mudanças climáticas, reivindicam com razão uma compensação por parte das nações industrializadas. Afinal, o bem-estar dos países ricos custou caro.

E resta registrar: por mais que se trate da salvação do mundo, no final é sempre uma questão de dinheiro e aí está o problema. Os europeus haviam anunciado que disponibilizariam 100 bilhões de euros para ajudar os países em desenvolvimento a se adaptarem às mudanças climáticas.

Mas, na hora de dividir essas cargas financeiras dentro da União Europeia (UE), isso foi demais para alguns países e a decisão foi postergada. Para os africanos, por sua vez, esta foi a deixa para boicotar em parte a recente conferência da ONU sobre o clima em Barcelona. Isso mostra o quanto a situação é complicada.

Como proceder agora? Cancelar a conferência em Copenhague? Economizar milhares de toneladas de CO2 que seriam emitidas durante os voos dos cerca de 10 mil participantes: ministros, delegações, ativistas ambientais e jornalistas? Assim, muito provavelmente, seria possível ganhar pontos positivos.

Mas as mudanças climáticas não permitem esperar. É preciso agarrar-se ao último galho que resta: mais de 40 chefes de Estado e de governo, entre eles, a chanceler federal alemã Angela Merkel, anunciaram sua participação. Eles não podem dar-se o luxo de mostrar as caras às câmeras por um documento sem conteúdo. A vergonha seria simplesmente grande demais.

Talvez ajude voltar os olhos ao Brasil para espalhar um pouco de otimismo. O governo brasileiro anunciou uma redução drástica do desmatamento da Floresta Amazônica, reduzindo em 40% as emissões de CO2 até 2020. Sem exigir nenhum tipo de compensação. Ou seja, é possível!

Autor: Henrik Böhme

Revisão: Roselaine Wandscheer