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Durante muito tempo, a Alemanha confundiu integração com assimilação, diz Peter Philipp. Os alemães deveriam deixar de esperar que os estrangeiros se tornem como eles.
Esses são apenas dois exemplos dentre muitos. Em ambos os casos, os imigrantes são integrados e assumem seu papel na sociedade. Nos EUA, eles se submetem ao mesmo tempo a um processo de adaptação, enquanto no Canadá ajudam a configurar e a transformar a sociedade. Na Alemanha, a situação é diferente. Aqui se pretendeu durante muito tempo que a Alemanha não fosse um país de imigração, embora o recrutamento dos chamados "trabalhadores convidados" tenha justamente criado a base para isso. Mesmo quando os trabalhadores estrangeiros começaram a se estabelecer na Alemanha, a ter e a criar filhos no país ou a adquirir a nacionalidade alemã, a maioria da população negligenciou a integração dessas pessoas na sociedade. Em vez disso, os imigrantes foram acusados de não querer se integrar e de preferir viver numa sociedade paralela. O que se queria dizer com isso era muito mais "assimilação" do que "integração". A integração envolve dois elementos: a pessoa que quer se integrar e assumir seu papel na sociedade, e a sociedade disposta a aceitá-la e acolhê-la. Sem falar abertamente, esperava-se na Alemanha a assimilação dos estrangeiros. Foi isso que deu origem ao conceito da deutsche Leitkultur, a "cultura-guia alemã". Se os imigrantes quisessem reivindicar um espaço em nossa sociedade, eles então que se tornassem iguais a nós, pensavam as pessoas. Um argumento sem pé nem cabeça: o operário de fábrica originário da Anatólia, o médico do Irã ou o requerente de asilo da África não vão começar de repente a internalizar a literatura alemã ou mesmo a cozinhar e comer só pratos alemães. Não é realista sequer partir do princípio de que "os alemães" vivam desse jeito. "Integração" significa que todos os que vivem num país tenham participação no todo – independentemente de onde venham e de que religião tenham. Já "assimilação" implica uma decisão individual de se adaptar. Os problemas surgem sempre que um Estado tenta forçar minorias a se adaptar – como, por exemplo, a Turquia em relação aos curdos. E mesmo a melhor assimilação não protege minorias de hostilidades e de perseguição, como experimentaram os judeus na Alemanha nazista. (lk)
Peter Philipp é chefe da equipe de correspondentes da Deutsche Welle e especialista em Oriente Médio.