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Presidente de um país em situação extrema

Bernd Johann (ca)7 de junho de 2014

Nunca um chefe de Estado da Ucrânia contou com a confiança de tantos. E nunca teve de vencer desafios tão difíceis. Petro Poroshenko terá de corresponder a muitas expectativas, opina articulista da DW Bernd Johann.

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Mesmo antes de assumir o cargo, o novo presidente ucraniano, Petro Poroshenko, já havia conversado com os políticos ocidentais mais importantes. Ele se encontrara em Varsóvia com o chefe de Estado americano, Barack Obama. A chanceler federal alemã, Angela Merkel, o recebeu para um jantar em Berlim. E na Normandia, houve um até mesmo um breve, embora gélido, encontro com o chefe do Kremlin, Vladimir Putin. Pois, após a anexação da Crimeia, a política agressiva de Putin põe em questão as fronteiras da Ucrânia ao Leste.

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Bernd Johann, da redação ucraniana da Deutsche WelleFoto: DW/P. Henriksen

Como Merkel e Obama, todos querem ou, como Putin, devem falar agora com Poroshenko. Nunca antes uma eleição presidencial na Ucrânia foi decidida com um resultado tão inequívoco: o influente empresário e político Petro Poroshenko venceu já no primeiro turno. E conseguiu maioria em todas as partes do país – com exceção da região de Donetsk, onde, usando de violência, os separatistas impediram quase inteiramente a realização das eleições.

Politicamente, Poroshenko é um homem de centro. Sua decidida legitimação democrática pode torná-lo um presidente forte. E a Ucrânia precisa urgentemente de um homem forte no topo do poder. Com o apoio de Moscou, grupos armados pró-russos têm instigado uma guerra no leste do país que faz novas vítimas a cada dia. A Rússia continua a permitir que armas e combatentes estrangeiros atravessem a fronteira para a Ucrânia.

Além disso, há a difícil situação econômica da Ucrânia como um todo. Somente com ajuda financeira internacional poderá ser evitada uma inadimplência estatal. Reformas abrangentes são necessárias para assegurar que ela volte a conquistar estabilidade econômica. Ao mesmo tempo, Moscou faz pressão sobre o país dependente do fornecimento de energia russo. Através da mediação do comissário de Energia da União Europeia, Günther Oettinger, um acordo seria possível – certo, ele ainda não é.

Poroshenko terá que resolver todos esses problemas. Ele é agora o chefe de Estado de um país que se encontra em situação extrema. Seu antecessor Viktor Yanukovytch saqueou a Ucrânia, de fato, levando-a ao fundo do poço político – até se formar um amplo movimento de protesto contra o abuso de poder, e o impopular presidente ser expulso.

Os cidadãos ucranianos estão desapontados. Eles querem paz e uma vida normal, orientada por padrões europeus. Todas as esperanças estão agora em Poroshenko: ele precisa promover o retorno da confiança popular no Estado e em suas instituições. Essa é uma tarefa extremamente difícil.

Para tal, Poroshenko conta com todo o apoio do Ocidente. Ele quer levar seu país em direção à UE. Ao mesmo tempo, quer manter boas relações com a Rússia. Porque, sem Moscou, não é possível resolver o conflito no leste da Ucrânia. Com razão, Poroshenko está preparado para agir com toda dureza contra os separatistas. Mas o novo presidente terá agora de convencer os habitantes de Donetsk e de Lugansk – e, na verdade, também de toda a Ucrânia – de que a sua política satisfaz as esperanças de uma vida melhor.