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"Primavera árabe"

20 de maio de 2011

Discurso do presidente dos EUA reflete a perplexidade norte-americana diante da situação no Oriente Médio e no norte da África, opina o chefe da redação árabe da DW, Rainer Sollich.

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Os Estados Unidos apoiam decididamente o levante democrático no Oriente Médio e no norte da África. E condenam a repressão de protestos pelos regimes da Líbia e da Síria. Eles exigem que israelenses e palestinos finalmente deixem o bom-senso e a clarividência prevalecerem e cheguem a um acordo para uma solução de dois Estados: tudo isso é sensato e bem-vindo, mas está longe de ser visionário.

Em comparação com o seu discurso ao mundo islâmico de dois anos atrás, no Cairo, esse novo pronunciamento do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, foi mais comedido, e não apenas no tom. Também no aspecto do conteúdo, Obama não tinha nada de novo a dizer.

O mais notável foi, primeiro, o claro posicionamento a favor das fronteiras de 1967 como base para a resolução do conflito entre israelenses e palestinos – e, de fato, Israel, protestou imediatamente contra essa fixação. E, segundo, o fato de que mesmo aliados dos Estados Unidos, como o Iêmen e o Bahrein, não foram poupados de críticas.

Interessante é o que o presidente dos Estados Unidos não disse: embora Obama tenha exortado o Bahrein a não colocar na cadeia potenciais interlocutores, ele não disse de que maneira apoiará futuras forças democráticas num parceiro de tamanha importância estratégica.

O parceiro mais importante na região – a Arábia Saudita, rica em petróleo – ele nem mesmo citou no seu discurso, apesar de o regime saudita, mesmo com tímidas reformas, continuar desrespeitando os direitos humanos em larga escala e, dessa forma, incorporar exatamente o contrário da visão de uma "primavera árabe".

A verdade é que a visão de uma "primavera árabe" em toda a região pode redundar em fracasso ou caos devido ao brutal emprego da violência por parte de muitos regimes. O tímido discurso de Obama refletiu indiretamente não apenas essa preocupação, mas também a perplexidade do presidente diante dos acontecimentos.

Aparentemente ele também não tem nenhuma visão de como prosseguir. Afinal, mesmo os Estados Unidos têm apenas uma influência limitada na dinâmica da região. Pelo menos Obama deixa os fatos falarem: o Egito e a Tunísia, como luminares modelos revolucionários, deverão receber ampla ajuda financeira para superar a difícil fase de transição para a democracia. Uma decisão inteligente, à qual os países europeus também deveriam se juntar.

Autor: Rainer Sollich (as)
Revisão: Roselaine Wandscheer