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Um ano de governo

(rw)23 de novembro de 2006

O primeiro ano de Frank-Walter Steinmeier no Ministério alemão de Relações Exteriores foi de aprendizado, com alguns momentos difíceis. Mas o balanço é positivo, opina Nina Werkhäuser.

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"Espectro de percepção" é uma das expressões preferidas de Frank-Walter Steinmeier. Ela diz muito sobre ele: o primeiro ano de seu mandato foi usado amplamente pelo ministro de Relações Exteriores para ampliar, primeiramente, seu próprio espectro de percepção. Se enquanto chefe da Casa Civil no governo Schröder o jurista de 50 anos passou vários anos num escritório, assim que assumiu o Ministério ele iniciou uma volta ao mundo por etapas.

Ele visitou a América do Sul, a Península Árabe, o Sudeste Asiático, a Ásia Central e o Norte da África – onde constatou que apenas um fundamento euro-atlântico não é mais suficiente para a política externa no século 21.

A atenção de Steinmeier às regiões emergentes em todos os cinco continentes amplia o tamanho do mundo para a Alemanha – mesmo que nem sempre esteja imediatamente claro para onde o caminho conjunto pode levar. Primeiramente Steinmeier tece os fios que mais tarde lhe poderão ser úteis e ata contatos por todos os lados.

As características que o favorecem são sua imparcialidade e seu interesse por pessoas e temas que lhe são estranhos. Com seu jeito agradável e tranqüilo, ele conquistou muita simpatia no exterior e, dentro do país, tornou-se rapidamente o político mais benquisto da grande coalizão. E isto apesar de seu jeito muitas vezes seco e complicado de se expressar – veja-se "espectro de percepção".

Também sob outro aspecto, o primeiro ano de mandato foi para Frank-Walter Steinmeier um ano de aprendizado: logo três seqüestros – dois no Iraque e um no Iêmen – colocaram à prova o chefe da diplomacia alemã e seus funcionários. Todos terminaram sem maiores problemas, graças também à sua prudência no gerenciamento das crises.

Outro desafio foram as "arranhadas" relações teuto-americanas, que receberiam um novo polimento do novo governo. A chanceler federal priorizou este tema, no que foi acompanhada por Steinmeier. De modo geral, a política externa da chanceler federal democrata-cristã surpreendentemente combina bem com a do social-democrata.

Steinmeier voa para o Oriente Médio ou mantém conversações sobre o programa nuclear iraniano e garante assim a continuidade da política externa alemã.

A democrata-cristã Merkel enfrenta seus poderosos colegas de pasta em Washington ou em Moscou, para fazer correções no rumo dado à política de relações exteriores pelo governo anterior.

Para isso, o homem de confiança de Schröder não precisa pôr sua cabeça a prêmio. Mesmo assim, ele não deverá ser poupado de prestar depoimento na CPI que investiga o caso El Masri, ocorrido quando Steinmeier era chefe da Casa Civil no governo anterior.

Resta a pergunta quanto à estratégia por trás da política externa de Steinmeier. Ele se ocupa com a política energética de forma mais intensa que seu antecessor, pois considera a segurança do abastecimento energético em longo prazo uma tarefa básica da política de relações exteriores.

Política econômica externa é para Steinmeier um elemento natural de seu trabalho e ele pretende continuar ampliando os contatos com as "regiões-chave do futuro" já visitadas por ele.

A não ser isso, não se reconhece nenhuma outra concepção de estratégia. Com freqüência, Steinmeier permite que acontecimentos atuais ditem sua pauta. Além disso, apesar de toda cortesia, assume uma posição ambígua e às vezes indefinida.

Em geral, no entanto, sua política externa é sólida, confiável e boa.

Nina Werkhäuser é correspondente da Deutsche Welle em Berlim para assuntos de política externa.