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MídiaGlobal

A enquete ridícula de Elon Musk no Twitter

Martin Muno
Martin Muno
20 de dezembro de 2022

Desde que o bilionário egocêntrico assumiu o Twitter, a plataforma virou um caos. Agora, Elon Musk pergunta se ele deve continuar chefiando a rede social, em uma enquete que é uma farsa, escreve Martin Muno.

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Empresário Elon Musk
Elon Musk comprou o Twitter por 44 bilhões de dólaresFoto: Dado Ruvic/Illustration/REUTERS

Quase 58% de 17,5 milhões de votantes responderam "sim" quando Elon Musk perguntou num tuíte se ele deveria renunciar ao cargo de chefe do Twitter. Mas o que isso nos diz?

A resposta curta: na verdade, nada. A longa, porém, é a que Musk parece estar ficando entediado com o novo brinquedo de 44 bilhões de dólares que só lhe causou problemas desde a compra.

Mas sentir pena do homem – agora apenas o segundo mais rico do mundo – é algo descabido, pois Musk criou o mal-estar para ele mesmo quando agiu como um menino mimado de quatro anos de idade.

Twitter é uma plataforma de comunicação global

O Twitter não é um produto de luxo, mas uma das plataformas mais importantes de comunicação global – se não, a mais relevante. Em todo o mundo, políticos, altos executivos, governos, ONGs, jornalistas, cientistas, celebridades e pessoas comuns usam o serviço gratuito para divulgar informações, ficar por dentro do que é relevante e trocar ideias.

Mesmo que a rede social tenha tido dificuldades para combater o discurso de ódio ao longo dos anos, o sistema funciona razoavelmente bem porque os usuários que violam as diretrizes da comunidade são punidos.
Donald Trump pode ser o exemplo mais proeminente: a conta do ex-presidente dos EUA foi banida após ser usada para encorajar seus seguidores para invadir o Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.

Caos e QAnon

O caos eclodiu assim que Musk assumiu o Twitter. Primeiro, ele demitiu metade dos funcionários e, depois, Musk – na maioria das vezes sem sucesso – tentou convencê-los a voltar. Qualquer um que ousasse criticar o novo chefão era demitido.

Musk chegou a sugerir que o ex-chefe de segurança do Twitter fez apologia à pedofilia, o que desencadeou uma série de ameaças de morte contra o ex-funcionário – e é claro que não havia provas para essa alegação no estilo QAnon. Mas também não foi a primeira vez que Musk mostrou uma obsessão por teorias de conspiração de direita.  

Ele mostrou o que realmente pensava sobre liberdade de expressão quando, em poucos dias, reativou centenas de contas bloqueadas de extremistas de direita ao mesmo tempo em que suspendia perfis de jornalistas que ousassem postar os movimentos de seu jatinho particular, que são disponíveis publicamente.

Dinheiro jogado fora

O resultado desse rebuliço empresarial: centenas de anunciantes deixaram a plataforma, e a imagem manchada de Musk impactou também o preço de mercado da montadora Tesla, da qual ele é presidente. Desde o início do ano, o preço das ações da Tesla caiu pela metade, e a fortuna pessoal de Musk despencou cerca de 100 bilhões de dólares.

O cenário mais provável é que Musk nomeie um representante, nos próximos meses, para chefiar o Twitter para que ele possa retornar às suas funções empresariais na Tesla e SpaceX. Por outro lado, quem acredita que Musk dará ouvido à razão e fará do Twitter a plataforma que ela costumava ser, provavelmente acredita em Papai Noel.

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O texto reflete a opinião do autor, não necessariamente a da DW.

Martin Muno
Martin Muno Imigrante digital, interessado em questões de populismo e poder político.