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A Alemanha finalmente enfrenta a Rússia de Putin

28 de fevereiro de 2022

Fala de Olaf Scholz no Bundestag marca nova era na política da Alemanha em relação a Moscou e à questão defensiva. Já era hora de Berlim se posicionar claramente, opina a editora-chefe da DW Manuela Kasper-Claridge.

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Scholz em discurso no Bundestag
Scholz em discurso no Bundestag, em sessão extraordinária para discutir a guerra na UcrâniaFoto: Michael Sohn/AP/picture alliance

Foi uma atuação impressionante do chanceler federal alemão, Olaf Scholz, seu pronunciamento sobre a Ucrânia perante o Parlamento alemão. A política de passos hesitantes ficou para trás. A Alemanha agora também fornecerá armas à Ucrânia e investirá pesadamente na Bundeswehr. Isso marca o início de um ponto de virada. O chanceler deixou isso bem claro.

O governo alemão toma atitude firme face a agressora Rússia. Finalmente, os aliados da Otan, especialmente nos países bálticos, veem sinal de determinação da Alemanha. Pois nesta região teme-se que Putin queira tomar não apenas a Ucrânia, mas também colocar novamente seus países sob esfera de influência. Scholz deixou claro que a Alemanha não tolerará isso e que mantém firmemente seus compromissos com a Otan. Finalmente, reconheçamos. Porque tempo demais foi gasto em discussões e rodeios.

Sinal para o povo russo

Mas – e isso também é importante – a reconciliação entre a Alemanha e a Rússia permanece historicamente um importante alicerce da política alemã, como enfatizou Scholz. Um sinal importante para o povo russo, que não está de forma alguma unido em apoio à guerra de Putin contra a Ucrânia, como mostram inúmeras manifestações no país.

Mas não nos enganemos. Este ponto de virada na Alemanha será caro e provavelmente também doloroso. A Bundeswehr deve receber 100 bilhões de euros adicionais somente este ano. Em troca, economias terão que ser feitas em outro lugar.

A Rússia deve ser isolada da economia mundial. Os altos preços da energia, os gargalos de oferta e o colapso parcial do comércio de commodities podem ser as consequências imediatas. Os alemães têm que se ajustar a isso. Aqui, o governo deve mostrar muito rapidamente como o país vai lidar com isso, quais medidas seguir – também em estreita cooperação com a oposição. União é necessária agora. Sem abrir mão da discussão crítica.

Fornecimento de gás

É verdade que a Alemanha está finalmente apoiando a exclusão dos bancos russos do sistema internacional de pagamentos Swift. No entanto, as consequências devem ser claras para todos e também devem ser comunicadas: provavelmente haverá uma interrupção no fornecimento de gás russo, porque o gás não pode mais ser pago sem o Swift. A retaliação, por mais popular e correta que seja, será cara. E as sanções muitas vezes só fazem efeito em longo prazo.

Para a população na Ucrânia, que está lutando contra o agressor russo, este ponto de virada na política alemã é significativo. Ela sabe finalmente que a Alemanha está disposta a mais do que apenas enviar alguns milhares de capacetes. É um sinal importante do chanceler e seu governo de social-democratas, verdes e liberais. Este claro posicionamento da Alemanha vinha faltando há muito, muito tempo. Agora ele está aí. Bom que assim seja.

Manuela Kasper-Claridge é editora-chefe da DW. O texto reflete a opinião pessoal da autora, e não necessariamente da DW.