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ONU responsabiliza regime sírio por ataque químico

6 de setembro de 2017

Investigação indica que governo usou gás sarin em bombardeio à cidade de Khan Cheikhoun, que deixou mais de 80 mortos. Comissão denuncia emprego de arsenal químico pelo regime Assad em outras três ocasiões neste ano.

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Homem com máscara de oxigênio na Síria
Centenas de pessoas precisaram de atendimento médico após o ataque em Khan CheikhounFoto: Reuters/A. Abdullah

Uma investigação da ONU revelou que o governo sírio foi o responsável pelo ataque com gás sarin à cidade de Khan Cheikhoun no início de abril, anunciou nesta quarta-feira (06/09) a comissão que apurou o caso. O ataque deixou ao menos 83 civis mortos, a maioria mulheres e crianças.

Em seu 14º relatório sobre violações de direitos humanos e crimes de guerra cometidos na Síria entre os dias 1º de março e 7 de julho, a comissão da ONU responsável pela investigação afirmou que mais de 300 entrevistas, imagens de satélites e relatórios de alerta indicam que um avião Sujoi 22 (Su-22) fez quatro ataques aéreos em Khan Cheikhoun, às 6h45 (horário local). A cidade fica na província de Idlib, que é controlada por rebeldes.

"Somente as forças sírias operam este tipo de avião", destacou a comissão, acrescentando que três bombas convencionais e uma química foram lançadas na cidade. A comissão rejeitou o argumento do governo de Bashar al-Assad de que os bombardeios aéreos teriam atingido um depósito com munições químicas.

"Todas as provas disponíveis permitem concluir que existem motivos razoáveis para pensar que as forças aéreas lançaram uma bomba pulverizando gás sarin", escreveram os investigadores.

Ataque químico deixa dezenas de mortos na Síria

Para o relatório, a comissão levou em conta as conclusões da investigação realizada pela Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) sobre o caso, que disse que as vítimas tinham sido expostas a gás sarin ou a uma substância parecida ao sarin, mas fez suas próprias investigações de maneira independente. Na região do ataque, foram achados restos da bomba.

Além do ataque em abril, o governo sírio teria usado armas químicas em ao menos outras três ocasiões no período entre março e julho. As forças governamentais empregaram esse tipo de arsenal em Al-Latamneh, em Ghouta Oriental, e outros dois casos ocorreram em Damasco. Nos três, o armamento usado foi gás cloro.

A comissão denunciou ainda como crime de guerra as evacuações forçadas promovidas pelo regime em regiões ocupadas por rebeldes, entre elas Madaya, Al Fu'ah e Kafraya e Tishreen e Qabun.

A ONU destacou ainda que grupos armados e terroristas seguiam atacando entre março e julho intencionalmente civis pertencentes a minorias religiosas e os utilizando como reféns, o que constitui outro crime de guerra.

O ataque Khan Cheikhoun foi condenado pela comunidade internacional e motivou o primeiro ataque aéreo de Washington contra o regime de Assad. Os Estados Unidos bombardearam a base aérea síria de onde se acreditava que partiram os caças que lançaram o ataque químico.

A Síria sempre negou ter usado armamento químico no bombardeio. Assad e a Rússia alegam que o regime atingiu, por engano, um depósito usado pelos rebeldes para armazenar seu arsenal químico. O governo sírio alega ter entregado seu arsenal do tipo à Opaq.

CN/efe/lusa/ap