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ONG denuncia mais de 160 ataques químicos na Síria

14 de março de 2016

Em cinco anos de guerra civil, armas químicas provocaram quase 1,5 mil mortes. Sociedade Médica Síria-Americana afirma que emprego desse tipo de arsenal aumentou em 2015, com participação do "Estado Islâmico".

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Aleppo está em ruínas após cinco anos de guerra civilFoto: picture alliance/abaca/AA

Em cinco anos de guerra civil na Síria, foram registrados 161 ataques com armas químicas, afirmou a Sociedade Médica Síria-Americana (SAMS) em relatório divulgado nesta segunda-feira (14/03). O documento constata que esses incidentes deixaram quase 1,5 mil mortos e mais de 14,5 mil feridos.

"Desde o início do conflito na Síria, houve numerosas e terríveis violações de direitos humanos, incluindo o uso sistemático de armas químicas", afirmou a ONG, com sede nos Estados Unidos, em comunicado.

A SAMS também afirmou que o uso de armas químicas no conflito está aumentando. Somente no ano passado foram registrados 69 ataques do tipo. O relatório é baseado em informações de profissionais de saúde que cuidaram de vítimas, além de outras ONGS e fontes locais. O documento é o mais abrangente já publicado sobre o tema.

O relatório revela a existência de outras 133 denúncias de ataques químicos, além dos 161, que não puderam ser substancialmente confirmadas. A organização fez um apelo aos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU e à comunidade internacional para identificar rapidamente os atores desses crimes e julgá-los no Tribunal Penal Internacional (TPI). As informações presentes no documento foram repassadas à Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq).

Quando fugir é a única chance de sobreviver

"Estado Islâmico"

Em 2014, investigadores da Opaq começaram a desmantelar o arsenal químico do regime do presidente Bashar al-Assad, em acordo com uma resolução do Conselho de Segurança da ONU de 2013 – aprovada após um ataque nos subúrbios de Damasco que matou centenas de civis. No entanto, os Estados Unidos e países do Ocidente acusam o governo de ainda possuir armas químicas e usá-las no conflito.

O relatório afirma que 77% dos ataques ocorreram depois de 2013 e que a maioria foi registrada no ano passado. O governo sírio nega o uso desse tipo de armamento contra a população. Nos últimos meses, relatos indicaram que o grupo extremista "Estado Islâmico" (EI) estaria usando armas químicas no conflito.

"Até o verão de 2015, os tipos de agentes químicos usados e o número de atores usando armas químicas aumentaram, com atores não estatais, incluindo o EI, usando gases mostarda e cloro", afirma a SAMS.

Em fevereiro deste ano, os Estados Unidos capturaram o responsável pela unidade de desenvolvimento de armas químicas do EI. Em seu interrogatório, o jihadista deu detalhes sobre como o "Estado Islâmico" conseguiu carregar o gás mostarda em armamentos.

Crimes de guerra

Mahmoud Cherif Bassiouni, especialista em crimes de guerra da ONU, afirmou que a documentação sobre o uso de armas químicas na Síria será útil para assegurar que os autores dos ataques sejam responsabilizados por crimes de guerra e contra a humanidade.

"A documentação desses crimes internacionais, assim como de outros, será útil algum dia, quando ocorrer a responsabilização penal", disse Bassiouni.

De acordo com as Nações Unidas, o conflito na Síria já deixou mais de 250 mil mortos e levou metade da população do país a abandonar suas casas.

CN/ap/dw