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Onde a globalização é mais questionada

Andreas Becker ca
29 de maio de 2019

Principalmente em países avançados, globalização econômica parece atingir seus limites de aceitação, constata pesquisa de instituto alemão.

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USA Verkehr auf der 42nd Street in New York
Foto: picture-alliance/imagebroker/T. Abad

Um estudo do Instituto de pesquisas Econômicas da Universidade de Munique (Ifo) apontou que 70% dos economistas e especialistas em economia nos EUA e 56% na União Europeia (UE) disseram concordar com a afirmação: "A globalização atingiu os limites de aceitação em meu país."

Na recém-divulgada Pesquisa Econômica Mundial (World Economic Survey), os franceses foram considerados particularmente críticos: 85% dos especialistas pesquisados concordaram com a afirmação proposta pelo Ifo "completamente ou em parte". Essa foi a maior proporção entre os 120 países e mais de mil economistas estudados.

Na República Tcheca (70%), na Áustria (69%), no Reino Unido (68%) e na Alemanha (64%), os entrevistados também disseram ver de forma crítica o clima frente à globalização, que parece estar atingindo os limites da aceitação especialmente nos países que se beneficiaram do crescente comércio transnacional das últimas décadas.

Ali também houve os contramovimentos mais visíveis: o referendo Brexit no Reino Unido, Donald Trump e seu "Faça os EUA grande novamente", os coletes-amarelos na França. "Nesses países, a população está dizendo: a globalização chegou ao seu limite, até aqui e não mais", explica Johanna Garnitz, coautora do estudo no instituto Ifo.

"As economias avançadas são geralmente mais críticas à globalização do que as economias emergentes e em desenvolvimento", resume Garnitz em conversa com a DW as principais constatações do estudo. No entanto, ela aponta que, de forma global, "opiniões positivas e negativas estão em perfeito equilíbrio."

Segundo o Ifo, especialistas no Japão (50%) e em países emergentes e em desenvolvimento da Ásia (61,4%) veem de forma mais amigável a posição da opinião pública sobre a globalização em seus respectivos países. A maioria dos economistas do grupo de outros países industrializados (51,9%) e da América Latina (52,4%) também diz ver a população em clima de maior aceitação.

No Brasil, a cifra dos especialistas que concordaram com a afirmação "A globalização atingiu os limites de aceitação em meu país" girou em torno de 50%, no Canadá (55%), Argentina (38,5%), Nova Zelândia (37,5%).

Na China, campeã mundial de exportação e bancada de trabalho alongada do Ocidente, a globalização é vista de forma positiva (77%), bem como nas Filipinas, na Malásia e em muitos outros países em desenvolvimento e emergentes.

"Esses países ainda têm grandes esperanças na globalização", diz Garnitz. "Pessoas nos países ricos, por outro lado, são mais propensas a acreditar que o limite foi atingido e que elas não podem mais se beneficiar muito do mundo globalizado."

Mas há exceções: em Índia, Bangladesh, Indonésia e Tailândia, a atitude positiva em relação à globalização é relativamente pequena.

Os pesquisadores do Ifo também perguntam como o investimento direto da China é visto nos diferentes países. Pequim está ajudando na construção da infraestrutura em muitas nações em desenvolvimento. E na Alemanha e em outros países industrializados, os chineses estão comprando empresas de tecnologia porque seu know-how combina com a estratégia industrial nacional "Made in China 2025".

Os resultados correspondem à posição frente à globalização. "Os EUA e a UE também veem o investimento direto chinês de forma particularmente crítica", afirma Garnitz. "A maioria das economias emergentes e em desenvolvimento vê o investimento da China como algo antes positivo, ou pelo menos não mais negativo do que o investimento direto de outros países".

Houve uma ressalva: nos países vizinhos, o investimento direto da China está sendo observado de forma mais crítica do que em outras economias emergentes.

A cada três meses desde 1981, o Instituto Ifo vem entrevistando especialistas de todo o mundo sobre o desenvolvimento econômico de seus países, para a compilação da sua Pesquisa Econômica Mundial (World Economic Survey). As questões sobre globalização e investimento chinês foram feitas pela primeira vez no contexto dessa pesquisa.

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