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Ocidente tenta se mobilizar para evitar tragédia humanitária no Iraque

Peter Hille (av)20 de agosto de 2014

Centenas de milhares de fugitivos do "Estado Islâmico" dependem de ajuda internacional. Agência da ONU inicia uma de suas maiores operações de assistência, enquanto países, aos poucos, começam a se articular.

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Foto: picture alliance/AA

Nos arredores da cidade de Dohuk, funcionários da ONU abastecem os refugiados com arroz e pratos de sopa. Mais de 80 mil pessoas que fugiram da guerra no norte do Iraque já vivem na província mais setentrional do país. A maioria pertence ao grupo religioso yazidi, e fugiu do grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI) atravessando o Monte Sinjar.

Zidan, de 14 anos, foi forçado a partir duas semanas atrás com a família. "A gente deixou tudo e foi para as montanhas", relata a um repórter da agência de notícias AP. "Deitamos debaixo das árvores para dormir. Não se tinha roupa, não se tinha nada, até chegar aqui." Pelo caminho, ele viu muitos que sucumbiram à sede. "Alguns imploraram por água, mas a gente não tinha nada", conta o adolescente yazidi.

Retorno improvável

Em Dohuk eles pelo menos têm agora um pouco de abrigo e sombra. A maior parte dos refugiados vive sobre o concreto de construções inacabadas ou dorme em escolas. Também a cidade de Zakho, perto da fronteira turca, acolheu muitos refugiados.

"Na maioria das escolas aqui da região estão alojados refugiados", comenta Freya von Groote, da organização pelos direitos infantis Unicef, em entrevista à emissora de TV alemã ZDF. "Ou seja, a atividade escolar normal está suspensa e nós precisamos criar alternativas. Pois as pessoas deverão ter que ficar por aqui um bom tempo."

Jesiden in Zakho Nordirak 16.08.2014
Família yazidi em Zakho, norte do IraqueFoto: picture alliance/AA

A prioridade é organizar água potável limpa e sanitários funcionais, diz Von Groote. Um retorno em breve dos refugiados para sua terra natal, perto da fronteira síria, é impensável. Lá continua reinando a violência, embora os combatentes curdos tenham recentemente registrado ganho de territórios e expulsado a milícia terrorista do EI da importante barragem próxima a Mossul.

São muitos os refugiados que ainda não chegaram a cidades seguras ou não têm um teto sobre a cabeça, como Zidan e sua família. O fluxo de fugitivos, vindos dos territórios em disputa armada ou ocupados pelo "Estado Islâmico", não para. Ao todo, há no Iraque mais de 1 milhão em fuga.

Megaoperação do Acnur

Por isso, nesta quarta-feira (20/08) o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) inicia uma de suas maiores ações de assistência humanitária. A partir da cidade de Akaba, na Jordânia, se formará uma ponte aérea até Erbil, no norte do Iraque. Durante quatro dias, aviões levam barracas, lonas de plástico e utensílios de cozinha aos refugiados.

Em seguida, comboios de caminhões da Turquia e Jordânia, assim como outros vindos por Dubai e pelo Irã, levam mais artigos de ajuda, beneficiando um total de meio milhão de pessoas.

"Do ar, por terra e pelo mar, nós utilizamos todas as possibilidades para entregar bens humanitários o mais depressa possível", confirma o porta-voz da Acnur em Genebra, Adrian Edwards. "A assistência precisa beneficiar aqueles que mais precisam dela, pois só uma parte das pessoas já vive em imóveis e instituições públicas. Nós abastecemos também aqueles que não têm um teto."

Para tal pretende-se construir até 14 acampamentos de barracas, com lugar para cerca de 140 mil refugiados. No momento, prossegue Edwards, o Acnur delibera com representantes do governo regional curdo quais locais se prestariam a esse fim. As medidas de ajuda são financiadas por Dinamarca, Alemanha, Reino Unido e outras nações europeias.

Peschmerga Kämpfer 18.08.2014 beim Mossul-Staudamm
Combatente curdo na área da barragem de MossulFoto: Ahmad Al-Rubaye/AFP/Getty Images

Apoio internacional

Na segunda-feira chegou à cidade de Erbil, no norte do Iraque, um avião de transporte da Alemanha, levando medicamentos e equipamento médico com capacidade de suprir 20 mil pessoas por três meses.

A bordo encontrava-se também o comissário de direitos humanos do governo federal alemão, Christoph Strässer. Ele viaja por três dias na região curda autônoma, a fim de avaliar a necessidade de novas medidas de assistência.

Já no início de sua viagem, ele reivindicou uma "rápida ampliação das medidas internacionais de proteção", assim como "um engajamento humanitário abrangente da comunidade internacional". Strässer também se encontrará em Dohuk com representantes de organizações humanitárias.