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O taxista Heiko Janssen, de Berlim

18 de maio de 2010

Heiko Janssen é uma pessoa da noite, que adora dirigir e gosta de música. No táxi ele reúne as três paixões: dirige à noite e sabe sempre onde e quando há agito em Berlim.

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Já faz duas décadas que Heiko Janssen, de 45 anos, mora em Berlim. Ele ganha a vida como taxista. Quando questionado por que trocou a cidade de Aurich, na Frísia Oriental, por Berlim, ele não vacila: por causa da diversidade cultural da capital alemã. Sobretudo a agitada vida noturna da cidade fascinou Heiko. Para ele, Berlim não perdeu o encanto que tinha na década de 1980.

Durante a juventude, ele frequentava um centro juvenil na sua cidade natal. Lá os jovens tinham a oportunidade de assistir a filmes alternativos, que não eram exibidos no cinema da cidade. No centro juvenil havia também shows de música. Mas um dia Aurich, com seus 50 mil habitantes, tornou-se pequena demais para Heiko.

Em busca de aventura

Heiko mudou-se para Berlim. Aos olhos dos pais, ele "não fazia nada de sensato" na capital alemã no final da década de 1980, início dos anos de 1990. Em outras palavras: Heiko vivia de bicos e, principalmente, curtia a vida.

Heiko ficou sabendo da queda do Muro de Berlim – em 9 de novembro de 1989 – apenas no dia seguinte. De repente Berlim Ocidental estava cheia de carros vindos do lado oriental, e um colega disse ter visto o chefe deles dançando em frente ao portão de Brandenburgo na noite anterior.

O fato de Heiko ter vivenciado a queda do Muro dentro de um carro é sintomático: o homem que hoje é taxista sempre teve uma paixão por dirigir.

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O taxista é motorista desde a juventude na Frísia OrientalFoto: DW

Em 1993, ele realizou um sonho: conseguiu a autorização para exercer a profissão de taxista. O gosto por dirigir vem de berço: o pai dele era motorista de ônibus.

Para Heiko, dirigir um táxi tem algo de libertador: não há nenhum chefe atrás dele, e ele mesmo pode decidir quando, por quanto tempo e aonde vai trabalhar.

Liberdade

Heiko dirige à noite. Ele se inclui no grupo dos "motoristas mudos". Isso não significa que ele não converse com seus passageiros, mas que está com o rádio-taxi sempre desligado.

Antes de começar a trabalhar, ele lê o jornal local para saber o que está acontecendo na cidade: se há exposições, grandes concertos e shows, ou qual DJ está tocando em qual clube. Com base nisso, ele decide seu trajeto e onde ficará à espera da clientela, selecionando assim o público e evitando transtornos.

Heiko diz que dirigir um táxi durante o dia é diferente. Os taxistas deparam-se, com frequência, com passageiros exigentes e nervosos, que precisam chegar em questão de segundos ao aeroporto. No turno da noite, tudo é mais calmo, conta o motorista. Dirigir à noite é relaxante: o trânsito não é tão intenso.

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Heiko escolheu Berlim por causa da oferta culturalFoto: DW

Heiko opta por dirigir à noite por diversos motivos. Sobretudo por ele ser uma pessoa "da noite". Ele gosta de dormir durante o dia e trabalhar das 21h às 6h. Apesar do trabalho noturno, o relacionamento dele com a namorada Barbara vai muito bem.

O casal mora junto há mais de dez anos. Barbara trabalha em casa e não se incomoda com a vida noturna do namorado. Ela também é autônoma e pode fazer seus próprios horários, explica.

Na manhã seguinte Heiko dorme até as 13h, dependendo de quantas horas trabalhou na noite anterior. Ele raramente toma café da manhã.

"De manhã", como diz, Heiko não descarta o chá, que toma pelo menos três vezes ao dia, como todo bom cidadão natural da Frísia Oriental. O chá típico da região de Frísia Oriental é uma mistura de diferentes tipos de chá preto inglês.

Mais tarde, o taxista e sua namorada almoçam juntos. Quando perguntado qual a sua comida favorita, Heiko responde: tudo o que a namorada cozinha. Mas quando ela está viajando, ele mesmo prepara a refeição, optando pelo prato predileto da infância: batatas, salsichas e chucrute.

"Eu sempre fui motorista"

O prato preferido de Heiko e o chá típico da Frísia Oriental estão entre as poucas ligações que o taxista mantém com a cidade natal. Fora isso, ele visita os pais duas ou três vezes por ano. Com colegas e amigos dos tempos de juventude, ele não mantém mais contato.

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A música é outra paixão do taxistaFoto: DW

O que restou da juventude foi a paixão pela música: em seu apartamento na zona leste de Berlim, no bairro de Friedrichshain, Heiko coleciona discos de vinil. Às vezes, ele também é DJ na galeria de artes de alguns amigos, desde que o local inaugurou, há cinco anos.

Dirigir e música – a combinação perfeita na vida de Heiko. Quando morava na Frísia Oriental, o taxista já tinha empregos que tinham a ver com o volante e a música. E com o carro do pai ele ia frequentemente com os amigos à Holanda para assistir a concertos de música pop. "Também na Frísia Oriental eu já era o motorista. Hoje eu sou o motorista de táxi", relembra, enquanto ouve música.

Autor: Carlos Albuquerque (br)
Revisão: Alexandre Schossler