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O que se sabe sobre o novo coronavírus

11 de fevereiro de 2020

Doença já deixou mais de mil mortos e 42 mil infectados, a maioria na China. Para tentar conter surto, país suspendeu conexões de transporte público, isolou cidades, fechou pontos turísticos e cancelou grandes eventos.

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Imagem mostra dezenas de pessoas com máscaras. Algumas portam malas
Wuhan, metrópole de 11 milhões de habitantes, é o epicentro da doença e está isoladaFoto: Getty Images/X. Chu

O número de mortos em decorrência do novo coronavírus ultrapassou a casa dos mil, e o de infectados superou a marca de 42 mil, segundo as informações desta segunda-feira (10/02). O epicentro é a metrópole de Wuhan, com 11 milhões de habitantes.

Para tentar conter o surto, conexões de transporte público foram suspensas, cidades foram isoladas, pontos turísticos, fechados, e eventos, cancelados, inclusive várias festividades do Ano Novo chinês..

O que se sabe sobre o vírus?

O novo coronavírus, batizado provisoriamente de 2019-nCoV pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda está sendo estudado. O primeiro alerta para a doença foi emitido pela OMS em 31 de dezembro de 2019, após autoridades chinesas notificarem casos de uma misteriosa pneumonia na cidade de Wuhan.

A China afirma que uma vacina está em desenvolvimento. Os coronavírus foram descobertos na década de 1960, e o nome deriva de seu formato, semelhante a uma coroa. São vírus de RNA extremamente adaptáveis e geneticamente diversos. Eles podem se espalhar facilmente e infectar espécies diferentes.

Enquanto alguns coronavírus provocam resfriado comum, outros podem evoluir para doenças mais graves, causando dificuldade de respirar, pneumonia e até morte.

Em 2002 e 2003, por exemplo, o agressivo coronavírus SARS-CoV levou a uma epidemia em 30 países. No mundo, mais de 8 mil pessoas foram infectadas, e cerca de mil morreram. Em 2012, o Coronavírus da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS-CoV) foi descoberto na Península Arábica.

O atual surto já superou as mortes causadas pela epidemia da Sars, em 2002-2003, na China. Na época, 349 pessoas morreram em decorrência do vírus no país.

Como o vírus é transmitido?

O novo coronavírus pode ser transmitido entre humanos. Embora muitos outros coronavírus sejam transmitidos por tosse e espirros, ainda não se sabe se esta também é a forma de transmissão do novo vírus.

O que se sabe é que ele pode se espalhar antes mesmo de aparecerem os primeiros sintomas e que o tempo de incubação varia de 1 a 14 dias. Segundo o ministro da Comissão Nacional de Saúde da China, Ma Xiaowei, a capacidade de transmissão está se fortalecendo, e por isso o número de infecções pode continuar aumentando. 

As primeiras infecções foram detectadas na cidade chinesa de Wuhan e remontam a um mercado de animais selvagens e peixes, que foi fechado. O vírus pode ter sido transmitido através do contato direto entre humanos e animais, ou simplesmente através do ar.

Os vírus que podem se espalhar entre humanos e animais causam as chamadas doenças zoonóticas. Eles podem ser transmitidos quando humanos consomem carne ou produtos de origem animal, por exemplo, se estes não forem suficientemente aquecidos ou se se forem preparados em ambiente insalubre.

Quais são os sintomas?

Os sintomas são, em muitos casos, parecidos com os de uma gripe, como febre, cansaço e dificuldade de respirar. O vírus também pode causar pneumonia. 

A doença é mais comum em idosos. Segundo o Comitê Nacional de Saúde da China, homens com mais de 50 anos e com algum problema de saúde anterior representam boa parte das vítimas.

Como será feito o diagnóstico no Brasil em caso de suspeita?

Embora ainda não haja casos registrados no Brasil, há um protocolo a ser seguido em caso de suspeita. Primeiro, é feita a coleta de duas amostras de materiais respiratórios com potencial de aerossolização (aspiração de vias aéreas ou indução de escarro). As amostras são encaminhadas com urgência para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Uma das amostras é enviada ao Centro Nacional de Influenza (NIC) e a outra, para análise de metagenômica.

Para ser considerado um caso suspeito do novo coronavírus, o paciente precisa apresentar sintomas da doença, além de estar enquadrado numa das seguintes situações: ter viajado nos últimos 14 dias antes do início dos sintomas para a cidade de Wuhan, ou tido contato próximo com um caso suspeito ou confirmado. Nesta quinta-feira, o país tem nove casos suspeitos, e, ao todo 24 foram descartados pelo Ministério da Saúde.

O ministério orienta que casos suspeitos devem ser mantidos em isolamento enquanto houver sinais e sintomas clínicos. Casos descartados laboratorialmente, independentemente dos sintomas, podem ser retirados do isolamento. O órgão também instalou o Centro de Operações de Emergência (COE) – coronavírus, um comitê para preparar a rede pública de saúde para o atendimento de possíveis casos no Brasil.

Que países e territórios já registraram a doença?

Além da China, que concentra a imensa maioria dos infectados, incluindo os territórios de Hong Kong e Macau, há casos confirmados em mais de 20 países, entre eles França, Estados Unidos, Austrália, Canadá, Alemanha, Rússia, Itália, Inglaterra, Finlândia, Índia, Emirados Árabes Unidos, Taiwan, Tailândia, Japão, Malásia, Cingapura, Coreia do Sul, Nepal, Camboja, Vietnã, Filipinas e Sri Lanka.

Em 2 de fevereiro, autoridades das Filipinas confirmaram que um homem de nacionalidade chinesa morreu no país vítima de uma grave pneumonia causada pelo novo coronavírus, marcando assim a primeira morte relacionada à doença fora da China. Em 4 de fevereiro, Hong Kong também reportou uma morte.

O que está sendo feito para interromper o surto?

Passageiros vindos das regiões afetadas são vistoriados e examinados em aeroportos americanos e europeus e em vários centros de transporte público na Ásia.

Como o surto foi declarado uma emergência internacional de saúde pública, isso pode significar restrições a viagens internacionais, verificações mais rigorosas nas fronteiras e criação de centros de tratamento especiais, além de áreas de quarentena.

A grande maioria dos infectados se concentra em Wuhan. Por isso, a cidade construiu, em apenas dez dias, um novo hospital, com mil leitos, especialmente para tratar infectados pela doença. Ele entrou em operação no início deste mês.

Atualmente os infectados estão sendo isolados e tratados em 61 hospitais. Quase 6 mil médicos de todo o país foram enviados à província de Hubei para reforçar a luta contra o surto.

Wuhan e outras cidades de Hubei estão em quarentena. As ligações de transportes públicos foram amplamente cortadas, afetando cerca de 56 milhões de cidadãos. O governo chinês prorrogou até 2 de fevereiro o feriado do Ano Novo Lunar, cujo término estava previsto para 30 de janeiro.

Universidades, colégios e creches em todo o país adiarão o início do semestre. Parte da Grande Muralha da China e outros pontos turísticos famosos foram fechados, assim como a Disney em Xangai. O Cirque du Soleil cancelou seus shows em Hangzhou até segunda ordem. O Campeonato Mundial de Atletismo Indoor, que seria realizado na China em março, foi adiado para 2021. 

Em Xangai, as autoridades impediram os navios de cruzeiro de entrarem e saírem de seu porto. Várias províncias chinesas proibiram viagens para outras regiões. 

A Mongólia, que faz fronteira com a China, decidiu fechar os pontos de travessia rodoviária para evitar a propagação do novo coronavírus. As ligações ferroviárias e aéreas ainda estão abertas. As Filipinas suspenderam a emissão de vistos para a China para evitar que o surto chegue ao país.

As autoridades chinesas também proibiram indefinidamente o comércio de animais silvestres em mercados, supermercados, restaurantes e em plataformas de comércio eletrônico, já que a possível fonte do vírus foi um mercado de animais silvestres e peixes.

Alemanha, Estados Unidos, França, Portugal, Reino Unido e Japão já retiraram ou estão retirando seus cidadãos da região de Wuhan. As empresas aéreas British Airways, Air France, KLM, Iberia e Lufthansa, entre outras, suspenderam seus voos para e da China continental.

A OMS declarou o surto do novo coronavírus uma emergência de saúde global, mas ressalvou não haver necessidade de se limitarem as viagens e o comércio com a China. Esta é a sexta vez que a entidade declara esse nível de emergência. 

LE/efe/dw/lusa/afp

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