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O que são paraísos fiscais?

23 de junho de 2009

Termo designa países com um controle brando de bancos e do mercado financeiro e que cobram impostos baixos para capitais estrangeiros, em geral sem questionar a origem do dinheiro. Na prática, estimulam a evasão fiscal.

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Inúmeras empresas de fachada tiram proveito dos paraísos fiscaisFoto: dpa

Na cúpula realizada em Londres em abril passado, os países do G20 concordaram em acabar com os paraísos fiscais, uma das medidas tomadas no sentido de reestruturar a arquitetura financeira internacional.

Na ocasião, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou uma lista "branca", uma "cinza" e uma "negra", com a classificação dos países de acordo com o grau de implementação dos padrões da OCDE relativos a impostos de renda e de patrimônio.

O que se denomina paraíso fiscal é um pequeno país ou região com alíquotas de impostos especialmente baixas. Isso costuma levar cidadãos e empresas dos países com impostos altos a transferir sua residência ou sede para esses lugares.

Na maioria dos casos, trata-se de centros financeiros offshore, com baixos impostos, um sigilo bancário especialmente rigoroso e um controle mínimo do mercado financeiro.

Algo também típico dos paraísos fiscais é o alto número de empresas de fachada. Trata-se de firmas que somente recebem a correspondência postal no lugar onde estão registradas, enquanto a empresa é gerenciada de fato a partir de outra sede administrativa.

Há inúmeras pequenas ilhas que funcionam como centros financeiros offshore, em grande parte antigas colônias ou dependências britânicas. Neste caso, o termo offshore não é usado no sentido geográfico, mas sim jurídico, pois esses centros financeiros se mantêm à parte das normas legais correntes.

Jersey como exemplo

Um exemplo é a ilha de Jersey, a maior situada no Canal da Mancha e propriedade direta da coroa britânica. Com um status jurídico especial, ela não faz parte da União Europeia. Há décadas, Jersey serve de porto seguro aos ricos de todo o mundo interessados em salvar seu dinheiro do fisco em seus respectivos países.

O sistema fiscal de Jersey favorece os multimilionários, obrigados a pagar somente 5% do imposto de renda, enquanto pessoas com uma renda média são taxadas em 20%. Com um controle praticamente inexistente do mercado financeiro, a ilha possibilita a muitos bancos e fundos de hedge realizar suas transações sem qualquer preocupação.

No entanto, as coisas começam a mudar. Com a meta de combater a crise financeira mundial, os países do G20 – reunidos na cúpula de Londres, no início de abril passado – decidiram tomar providências contra os paraísos fiscais em todo o mundo.

Listagem da OCDE

A OCDE divulgou uma lista "negra", uma "cinza" e uma "branca", classificando os países de acordo com o grau de aplicação dos padrões fiscais internacionais.

Diante da ameaça de sanções comerciais e econômicas, quase todos os Estados listados acabaram se comprometendo e implementando as regras internacionais, ou pelo menos anunciaram à OCDE sua intenção nesse sentido. Com isso, a lista negra se esvaziou.

Em maio de 2009, o comitê de assuntos fiscais resolveu excluir as três últimas jurisdições europeias que ainda constavam da "lista negra" – Andorra, Liechtenstein e Mônaco. Os três pequenos Estados europeus se comprometeram a implementar os padrões de transparência e de intercâmbio de informação, além de terem apresentado um cronograma para tal.

Bélgica, Luxemburgo, Áustria e Suíça – no âmbito "cinza" – também se comprometeram a respeitar os padrões fiscais internacionais, mas ainda não os implementaram. A maioria dos países europeus consta da lista branca, por cumprir os compromissos fiscais assumidos.

E a ilha de Jersey também assinou um acordo de intercâmbio de informação com 12 países, sendo considerado um caso-modelo. E com isso, o antigo paraíso fiscal passou para a lista branca.

Autor: Zoran Arbutina
Revisão: Alexandre Schossler